Caos aéreo mobiliza ministro e comandante da Aeronáutica

A nova pane no Cindacta 1, responsável pelo controle do espaço aéreo nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, provocou total paralisação de vôos e decolagens na manhã de ontem nos principais aeroportos do País e mobilizou autoridades do governo federal, que temiam a repetição do caos vivido nos aeroportos no fim do ano passado. O ministro da Defesa, Waldir Pires, foi acionado. O novo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, preferiu ir pessoalmente até as instalações do Cindacta 1 em Brasília, para avaliar de perto os reflexos da pane no sistema informatizado.

Somente depois de contornada a pane, o Ministério da Defesa prestou informações sobre o apagão de ontem. Por meio de nota à imprensa, informou que o problema interrompeu os contatos entre a sala de plano de vôo – chamada de sala AIS, no jargão dos aeronautas – e o controle de tráfego aéreo. Com isso, o gerenciamento teve de ser feito manualmente. A nota oficial da Aeronáutica atribuiu inicialmente os problemas de atrasos de vôos ao fechamento do Aeroporto de Congonhas por duas horas, a partir das 7 horas, por causa das fortes chuvas que atingem a capital paulista desde sexta-feira.

?Além do problema das chuvas, o sistema de gerenciamento de planos de vôos do Cindacta 1 teve de ser reinicializado, por causa de questões técnicas, por volta das 10 horas?, informou a Força Aérea Brasileira (FAB). Até as 20h30, o site da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), estatal responsável pela administração dos aeroportos, não mencionava sequer o apagão de ontem. A informação mais recente sobre atrasos de vôos no País ainda eram relativas a sexta-feira.

Em virtude da pane, os pilotos não conseguiam repassar aos controladores de vôo seus planos de vôo. As informações chegavam atrasadas às telas do radar ou simplesmente desapareciam. Nas telas, os controladores não conseguiam obter os dados de cada aeronave, como número, origem, destino e altitude. Nesses casos, as autorizações para pousos e decolagens tem de ser feitas por telefone, em um processo tão lento que provocou espaçamento de 30 minutos entre os vôos ao longo de duas horas.

Técnicos da Aeronáutica relataram que, com a pane, o servidor principal do Cindacta 1 precisou ser reiniciado. O hardware teve de ser removido e limpo, para depois ser reinstalado todo o programa. Depois, foram refeitos a formatação, a reestruturação e os testes, até a liberação para uso. O mesmo procedimento se repetiu no servidor auxiliar. Como o sistema não estava fornecendo, na tela do radar, informações confiáveis, os técnicos de informática aconselhavam aos controladores não operar, de imediato, o sistema online. Por isso, as comunicações de autorização de vôos continuaram a ser feitas apenas por telefone até as 14 horas.

Em Brasília, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determinou às companhias aéreas que suspendessem o check-in no final da tarde. Entretanto, os atrasos e o congestionamento nos balcões das companhias já eram enormes. Não há números oficiais da Infraero, mas a TAM – que responde por mais de um terço dos vôos – relatou que teve ontem atrasos em 46% das operações domésticas.

O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, afirmou que a situação provocou uma sobrecarga nos aeroportos. O problema só teria sido pior se tivesse ocorrido durante a semana.

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