Câmbio ameaça desempenho das exportações, diz Iedi

São Paulo – As exportações brasileiras de manufaturados de média e alta intensidade tecnológica e mão-de-obra qualificada apresentaram resultados muito positivos no ano passado, com alta de 30,9% e 27,9%, respectivamente, sobre 2004. O incremento foi superior à média total das exportações, de 23%. A participação dos dois segmentos na pauta exportadora ficou em 36,8%, mas o peso ainda é muito baixo quando comparado a padrões internacionais, segundo a prévia do relatório sobre as exportações brasileiras em 2005, que o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) divulga até o final desta semana.

Há mais de um aspecto a ser observado nos números, além do mero crescimento registrado em 2005. Primeiro, segundo o diretor executivo do Iedi, Julio Gomes de Almeida, para uma balança comercial mais saudável a participação dos manufaturados de alta e média intensidade na balança comercial deveria ser de 50%. Para que isso aconteça, o incremento das vendas externas desses setores acima dos demais tem de se manter por pelo menos uma década. As ações mínimas necessárias, de acordo com o Iedi, são o aprimoramento das políticas industrial e de crédito à exportação, a garantia de uma melhor rentabilidade para o exportador a médio e longo prazo, reduzindo a valorização do real frente ao dólar.

Os números de 2005 mostram ainda um dado preocupante para a indústria, segundo o Iedi. As exportações do segmento de manufaturas intensivas em mão-de-obra e baseadas em recursos naturais cresceram apenas 5,4% em 2005, ante 24,9% em 2004, reflexo direto da forte valorização do real. Nesse segmento, estão os produtos têxteis, alimentos e calçados, por exemplo. "Neste ano, o câmbio pode atrapalhar ainda mais esses setores importante da economia. A situação é muito séria", disse Gomes de Almeida.

O complexo automobilístico (alta de 39,1% em 2005/2004) e alguns segmentos da indústria de bens de capital (alta de 25 7%) respondem pela maior parte do dinamismo na área de manufaturas de intensidade média de tecnologia e de mão-de-obra qualificada. Já entre as manufaturas de alta tecnologia e intensidade de mão-de-obra, o carro-chefe foram equipamentos de telecomunicações, que cresceram 133,4% sobre o ano anterior.

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