Calçadistas querem mais medidas além das salvaguardas contra a China

A Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados) ainda não definiu a data, mas vai entrar com pedido de salvaguardas contra as importações da China.

Na próxima segunda-feira, os diretores se reúnem para avaliar com mais profundidade o decreto 5.556, publicado, nesta quinta-feira, que permite às empresas prejudicadas pelas importações da China solicitar ao governo a aplicação do mecanismo protecionista. O presidente do Sindifranca (Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca), Jorge Donadelli, afirmou que vai entrar com o pedido junto com a Abicalçados.

Os calçadistas vão entregar ao governo um estudo sobre o setor, que servirá como base para o processo de salvaguardas, mas terá também as principais reivindicações do setor.

"As salvaguardas são um sinal de boa vontade, mas não são tudo o que precisamos. Elas lidam com a questão do mercado interno. Só que precisamos de medidas que nos capacitem para concorrer com a China em mercados externos", afirmou o empresário. Essas medidas são "a inadiável redução da carga tributária, uma política cambial que privilegie a produção e não a especulação, e juros em patamares decentes".

O Brasil é o quarto maior produtor de calçados do mundo, emprega cerca de 300 mil trabalhadores diretos e mais de um milhão de indiretos e mais de empresas. De janeiro a agosto deste ano, as compras de calçados chineses aumentaram 116% ante o mesmo período de 2004, segundo a Abicalçados. Sem medidas protecionistas, devem entrar no Brasil 25 milhões de pares de sapatos chineses neste ano – até agosto, foram 9,4 milhões de pares.

O volume representaria 20% do total importado pelo setor, o que configura dano à indústria do país importador, de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo a Abicalçados, no ano passado, o Brasil recebeu 7,2 milhões de pares da China.

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