Britânicos dizem que ex-espião russo foi assassinado

A Agência de Proteção à Saúde do governo britânico disse que o ex-espião russo Alexander Litvinenko foi envenenado com radiação. Segundo o cientista Roger Cox, foi encontrado o elemento radiativo Polônio 210 na urina de Litvinenko, que morreu ontem em um hospital de Londres. O secretário do Interior britânico, John Reid, afirmou que a morte do ex-espião foi "ligada à presença de uma substância radiativa em seu corpo". A chefe da Agência de Proteção à Saúde, Pat Troop, declarou que o alto nível de Polônio 210 encontrado indica que "ele teria que ter comido, inalado ou absorvido a substância por um ferimento. Sabemos que a dose foi grande".

Em declaração que ditou a amigos no hospital, Litvinenko acusou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, por sua morte. "Você mostrou que não tem respeito pela vida, pela liberdade ou por qualquer valor civilizado. Você mostrou ser indigno de seu cargo indigno da confiança de homens e mulheres civilizados. Você pode ser bem sucedido em silenciar um homem, mas o grito de protesto do mundo inteiro, sr. Putin, vai reverberar em seus ouvidos pelo resto de sua vida", diz a declaração.

Litvinenko era ex-agente da KGB soviética e de sua sucessora, o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB). Ele deixou o FSB em 1998 e acusou publicamente seus superiores de terem ordenado que assassinasse o empresário Boris Berezovsky. Depois de passar nove meses na prisão, Litvinenko obteve asilo político no Reino Unido. Ele investigava casos de corrupção no FSB e também a suposta participação da agência no recente assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya, uma crítica conhecida do governo Putin. Sobre o assassinado da jornalista, seu amigo Andrei Nekrasov, que o visitou no hospital, disse que "ele estava totalmente convencido de que foi o FSB. Não havia dúvida em sua mente sobre quem foi".

Em Moscou, o governo russo negou qualquer envolvimento na morte de Litvinenko. "A morte de uma pessoa é sempre uma tragédia. Agora, é papel das autoridades policiais do Reino Unido investigar sua morte", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Em Helsinki (Finlândia), o presidente Putin, ele mesmo um ex-agente da KGB, disse que a morte de Litvinenko foi "uma tragédia" e disse não ter visto provas de que ele sofreu "uma morte violenta". "Os documentos médicos britânicos não mostram que ela foi resultado de violência. Esta não foi uma morte violenta. Portanto, não há base para especulações desse tipo", afirmou o presidente russo. As informações são da Associated Press, citada pela Dow Jones.

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