Vôo 1907: 11 corpos ainda não localizados

Brasília (ABr e AE) – As equipes que participam das operações de busca e resgate no norte de Mato Grosso, onde caiu o Boeing 737-800, da Gol Linhas Aéreas, intensificam as buscas para localizar os 11 corpos que ainda faltam ser resgatados do local do acidente. A área de busca abrange aproximadamente 20 quilômetros quadrados.

Até a tarde de ontem, os institutos de Identificação e de Medicina Legal do Distrito Federal tinham recebido 142 corpos, dos quais 107 haviam sido reconhecidos. O corpo de uma das vítimas ainda está em fazenda Jarinã, base das operações, para ser pré-identificado.

O cilindro de voz de uma das caixas pretas do Boeing também é alvo da busca. As duas caixas pretas do jato Legacy que se chocou com o avião da Gol e uma das caixas pretas do Boeing já estão na Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci), no Canadá. O órgão está responsável pela tradução dos dados registrados nos equipamentos e pela simulação dos vôos dos dois aviões até o momento do acidente.

De acordo com o Comando da Aeronáutica, 180 pessoas entre bombeiros, peritos e militares da Força Aérea e do Exército trabalham no local da queda do avião e na fazenda Jarinã. Outras 220 pessoas dão suporte logístico aos trabalhos a partir do Comando de Provas Brigadeiro Belloso (CPBV), localizado no sul do estado do Pará.

Macacos hidráulicos e pneumáticos foram levados à área de busca para que as equipes possam movimentar os destroços da aeronave, que chegam a pesar 15 toneladas. Esse equipamento, chamado de Recovery Kit, foi emprestado pela Varig, a única companhia que possui a homologação para utilizar os aparelhos na América do Sul. A remoção com esse equipamento colabora com a investigação sobre as causas do acidente, já que as peças têm de ser analisadas exatamente como foram encontradas.

Uma equipe com cerca de 20 pessoas especializadas no manuseio desse aparato também foi deslocada. Os militares acreditam que os últimos corpos possam estar encobertos pelas partes do Boeing. Um detector de metais está sendo usado na busca do cilindro de voz da caixa-preta.

Pilotos do Legacy vão depor de novo em MT

Cuiabá (AE) – Os pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino serão ouvidos novamente em inquérito aberto na Polícia Civil de Mato Grosso. A data dos depoimentos ainda não foi marcada. O delegado Luciano Inácio da Silva, que conduz as investigações, quer esclarecer as contradições dos depoimentos de Lepore e Paladino sobre o plano de vôo do jato da Embraer que se chocou com o Boeing da Gol e o que eles disseram à Polícia Civil dia 30, em Cuiabá.

Os controladores de vôo de Brasília e Manaus também serão ouvidos nos próximos dias, em Cuiabá. Dez pessoas já foram ouvidas. Até o fim do mês, o inquérito será concluído. O delegado aguarda o resultado das caixas-pretas do Legacy enviadas para análise no Canadá para cruzar as informações dos controladores com as da tripulação do Legacy para saber o que realmente aconteceu na hora do acidente.

Em inquérito paralelo, o delegado Renato Sayão, da Polícia Federal, tomará, em data ainda não marcada, os mesmos depoimentos e análise de documentos. Lepore disse que a comunicação via rádio e o sistema anticolisão do jato executivo da Embraer não funcionaram. Este seria o motivo pelo qual não teria visto a aproximação do Boeing da Gol. Já Paladino afirmou que o equipamento ?parecia? estar funcionando. Ele disse ainda que sentiu o impacto e que uma onda de choque se espalhou pelo Legacy após a colisão entre os dois aviões.

Tanto a Polícia Civil como a Federal já estão convencidas de que o plano de vôo feito pela Embraer e aprovado pelo controle do espaço aéreo brasileiro contradiz o que os pilotos do Legacy afirmaram no único depoimento prestado até agora. As investigações apontam que falhas dos pilotos motivaram o acidente que vitimou 154 pessoas.

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