Valério entrega lista cheia de tucanos

  Válter Campanato ABr
Válter Campanato ABr

Marcos Valério: "Levei cano do PSDB.
Só que na época não valia a pena brigar com o Azeredo nem com o PSDB".

Brasília – O empresário Marcos Valério entregou ontem à Procuradoria Geral da República uma lista com os nomes de candidatos que receberam dinheiro de suas empresas na campanha de 1998. Ele também entregou uma cópia da relação à CPI do Mensalão, durante seu depoimento. São 75 nomes, a maioria deles tucanos, e os saques somam R$ 1,8 milhão, enquanto anteriormente o empresário havia declarado empréstimos totais de R$ 9 milhões. Entre os beneficiados aparece ainda a empresa Hum Propaganda e Marketing.

Na lista, só há nomes com respectivos comprovantes do repasse do dinheiro. Ao todo, Valério entregou cerca de 100 documentos à Procuradoria Geral. Segundo o empresário, os nomes foram passados a ele por Cláudio Mourão, coordenador da campanha de Eduardo Azeredo (PSDB), que disputava a reeleição ao governo do estado de Minas Gerais. Valério lamentou não ter recebido até hoje o dinheiro que teria emprestado a políticos mineiros do PSDB na campanha de 1998.

"Levei cano do PSDB. Só que na época não valia a pena brigar com o Azeredo nem com o PSDB porque eles eram do governo federal e eu iria perder minhas contas", afirmou. Na época, Valério tinha contratos de publicidade com o Banco do Brasil, a Eletronorte e o Ministério do Trabalho, por meio de sua agência DNA, e com o Ministério dos Esportes, pela SMP&B.

Desta lista, quem mais recebeu recursos foi Júnia Marise (PSDB-MG), candidata ao Senado que não conseguiu se eleger. Ela recebeu um depósito de R$ 25 mil e outro de R$ 175 mil. Ao lado do nome de Júnia Marise aparecem os nomes de Antônio Marum e Maria Cristiana Cardoso de Melo. Maurílio Borges recebeu R$ 125 mil e Fábio Valença, R$ 91.459,28. Também aparecem como beneficiados os deputados federais Romel Anizio Jorge (PP), que teria recebido R$ 100 mil; e Custódio de Mattos (PSDB), que teria ganho R$ 20 mil. Além de Paulo Abi-Ackel, filho do relator da CPI do mensalão, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG). Ele foi agraciado com R$ 50 mil.

Constam ainda da lista de beneficiados dez deputados estaduais de Minas, que tiveram mandatos nas duas últimas legislaturas, e dois prefeitos do interior de Minas: Marcelo Gonçalves (Pedro Leopoldo) e Sebastião Navarro (Poços de Caldas). Valério também disse que R$ 4,5 milhões foram pagos ao publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha de Azeredo. O empresário apresentou o recibo do depósito.

Marcos Valério disse que o deputado Roberto Jefferson, com suas denúncias, "simplesmente destampou uma prática normal de empresas com políticos". O empresário admitiu que, se pudesse, faria tudo diferente. "Não sinto prazer naquilo que fiz, de ter emprestado dinheiro ao Partido dos Trabalhadores, e de ter feito empréstimos no passado. Se pudesse voltar atrás, não faria", disse.

Marcos também negou a informação dada na véspera pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de que integrantes do Poder Executivo (ministros e assessores) também teriam se beneficiado de dinheiro das contas de suas empresas. "Nunca dei nenhum centavo a nenhum ministro e a nenhum presidente da República. Não é só o nosso Lula, não. Eu generalizo: a ninguém. Não adianta o deputado Roberto Jefferson construir história", disse Valério.

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