Terrorismo se combate com prosperidade, diz Lula

Nova York – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem o apoio ao crescimento econômico dos países em desenvolvimento como forma de combate ao terrorismo durante conferência sobre o tema em Nova York. Para o presidente, o terrorismo é “sintoma de mal-estar social”.

O presidente brasileiro destacou ainda a necessidade de os países apoiarem valores democráricos e de respeito aos direitos humanos e enfatizou o papel do multilateralismo por meio da ONU (Organização das Nações Unidas) na busca de solução ao terrorismo. “Promover o desenvolvimento econômico das nações e o bem-estar social dos povos são formas de construir sociedades saudáveis, imunes ao terrorismo,” afirmou Lula em discurso, ao participar da conferência “Combatendo o Terrorismo em prol da Humanidade,” evento promovido pelo primeiro-ministro da Noruega, Kjell Magne Bondevik.

Cerca de 15 presidentes e chefes de Estado participam do evento, que foi aberto pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan. “Não podemos prescindir da ONU em nossos esforços. Enfraquecê-la significa fortalecer os inimigos da paz,” disse, acrescentando que a instituição internacional pode ser modernizada para não se restringir aos aspectos humanitários.

“O principal empecilho a uma cooperação mais efetiva contra o terrorismo é político,” afirmou. O presidente aproveitou para criticar as barreiras ao comércio internacional, que podem ser impostas sob o argumento de medidas de segurança, como contra o o bioterrorismo, exemplificou.

Ele também criticou a associação automática entre terrorismo e pobreza que “pode levar à injusta discriminação contra países em desenvolvimento, como ?celeiros? de terroristas”. Afirmou ainda que a confecção de listas de organizações terroristas não resolvem o problema e defendeu a elaboração de uma convenção sobre o terrorismo.

O presidente homenegeou a memória do brasileiro Sérgio Vieira de Mello, diplomata da ONU morto recentemente em ataque no Iraque, ao citar que, para ele, apenas a soberania do povo iraquiano trará estabilidade ao país. Lembrou que árabes e judeus vivem em harmonia no Brasil. Lula desembarcou no domingo à noite em Nova York, onde cumpre agenda cheia até quinta-feira. O ponto alto da viagem será o discurso inaugural da 58.ª. Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, quando deve enfatizar o combate à fome, à miséria e à exclusão social.

Ainda ontem, Lula ofereceu um almoço ao secretário-geral da ONU e a mais três primeiros-ministros e cinco presidentes, entre eles o dirigente da França, Jacques Chirac, com quem o presidente brasileiro teve um encontro privado depois, segundo o Itamaraty.

Lula é esperado com expectativa

Nova York

– O discurso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará hoje na abertura da 58.ª Assembléia Geral das Nações Unidos terá mais visibilidade do que os seis pronunciamentos feitos anteriormente na ONU por quatros chefes de Estado brasileiros. João Figueiredo, o último presidente do regime militar e o primeiro a falar à ONU, mereceu alguma atenção da imprensa americana e internacional por uma razão negativa. Com os olhos da comunidade financeira internacional postos no Brasil, o discurso do general ganhou espaço na primeira página do New York Times, mas identificou o líder como “José” Figueiredo.

Das duas falas do presidente José Sarney, apenas a primeira, em 23 de setembro de 1985, ganhou espaço na imprensa internacional, por uma frase: “O Brasil não pagará a dívida externa com a recessão, nem com o desemprego, nem com a fome”. Os dois discursos de Fernando Collor de Mello e o único pronunciado por Fernando Henrique Cardoso, em 2001, numa Assembléia Geral adiada para novembro por causa dos atentados terroristas de 11 de setembro, passaram praticamente desapercebidos.

Lula sobe hoje à tribuna da ONU amparado pela legitimidade da democracia e da estabilidade econômica lhe conferem e por uma expectativa amplamente favorável.

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