Tecnologia aumenta incidência de erros na radioterapia

Os avanços tecnológicos tornaram o tratamento de radioterapia mais preciso e eficaz no combate ao câncer, mas, ao mesmo tempo, mais sujeito a erros. Um levantamento feito nos Estados Unidos pelo jornal The New York Times revelou a ocorrência de casos graves de overdose de radiação. Entre os fatores que elevam a incidência de erros estão falhas de software, imprecisão da programação, não obediência a protocolos de segurança e despreparo do pessoal responsável pelas aplicações.

“Os aceleradores lineares (equipamentos de ponta em radioterapia) são extraordinariamente mais complexos do que há 20 anos”, diz o diretor de física clínica do Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering, Howard Amols, de Nova York. Segundo ele, os hospitais frequentemente confiam demais nos novos sistemas computadorizados e os utilizam como se fossem infalíveis.

Foi o que aconteceu em um hospital da Flórida, em 2005. A instituição revelou que 77 pacientes com câncer cerebral haviam recebido 50% a mais de radiação do que o prescrito porque um dos aceleradores lineares ficou programado de forma incorreta por quase um ano.

Mas a história mais emblemática é a de Scott Jerome-Parks. Por causa de um erro do computador que controla o aparelho de radioterapia, ele recebeu durante três dias excesso de radiação na língua. Perdeu dentes, ficou surdo, com dificuldade para enxergar, incapaz de engolir, teve queimaduras, feridas na boca e garganta, náuseas e fortes dores. Por fim, perdeu a capacidade respiratória e morreu em 2007, aos 43 anos.