Superministros de Lula sob baterias de críticas

Brasília – Primeiro foi o presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa, em entrevista à revista Veja. E, ontem, na seqüência, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo duramente criticado, desta vez por concentrar demasiado poder em dois ministros, José Dirceu (Casa Civil) e Antônio Palocci (Fazenda), chamados de “czares” do Planalto. Czar é o título do imperador russo, antes da revolução soviética.

O presidente do STF, Maurício Corrêa, afirmou que Lula flutua entre José Dirceu e Antonio Palocci, viajando mais ao exterior que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. E sugere que o poder, ternos novos, mulheres bonitas e aviões à disposição para viajar para onde quiser, mudaram a cabeça do líder do Partido dos Trabalhadores, deixando-o “encantado”.

Pegando carona nas críticas, o senador Eduardo Suplicy disse que o excesso de poder do ministro José Dirceu atrapalha o governo de Lula. Na avaliação do senador, Dirceu está “assoberbado demais com esta questão de nomear e desnomear, e atender a esta ou aquela sigla”. Dessa maneira, entende Suplicy “que às vezes não lhe sobra tempo para reflexões mais importantes que têm de ser feitas com a velocidade que o governo Lula precisa para avançar nesta direção”. Entre essas reflexões que ficam em segundo plano, o senador citou a economia e a política social.

O senador também afirmou que não se sente bem em ver o governo fazer loteamento de cargos. “Não me sinto bem em ver o governo lidar com este tipo de procedimento. Não acho saudável e o PT era crítico desta forma de agir”, comentou. Suplicy ressaltou que em toda sua trajetória política nunca indicou ninguém, porque sempre quis se sentir independente. “Se eu indicasse alguém e votasse diferente, ou durante o pronunciamento ressaltasse uma crítica, mesmo que construtiva, e depois o ministro cortasse esta pessoa que eu indiquei por causa de minha atitude, não acho isso saudável”, disse. Na opinião do senador, é díficil escolher pessoas para participar de um governo. “Mas sempre achei importante que fosse a escolha dos mais competentes possíveis, idôneos e afinados com o programa de governo. Mas não razões do tipo se aquela pessoa foi indicada por alguém e vai votar desta ou daquela maneira”, disse.

Na avaliação do senador, pode fazer bem pessoas com a autoridade de Corrêa, como presidente do STF, “mostrem coisas importantes para o governo perceber”. Suplicy ressaltou que não concorda com o presidente do STF, de que Lula mudou ao assumir o poder. “O Lula continua a ser a mesma pessoa e mantém os mesmos compromissos que fazem parte da trajetória dele. O presidente não está tendo atitudes de deslumbramento com o poder”, disse o senador.

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