Soldados do Exército patrulham Belo Horizonte

Belo Horizonte – Tropas do Exército começaram na madrugada de ontem a patrulhar as ruas de Belo Horizonte, em cumprimento à autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que atendeu a um pedido do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), por causa da greve das forças policiais do Estado. Policiais militares, civis e parte dos bombeiros e agentes penitenciários paralisaram as atividades no fim da noite de quinta-feira, insatisfeitos com o aumento de 6% fixado pelo governo mineiro para as categorias. Os servidores reivindicam um reajuste de 54%.

Soldados armados de fuzis e com os rostos pintados assumiram, por volta das 2 horas, vários postos de policiamento, principalmente na região central de Belo Horizonte. “A missão é garantir a lei e a ordem. Enquanto perdurar essa situação, a missão do Exército continua”, disse o tenente-coronel Sylvio Antônio de Oliveira Cardoso, oficial de comunicação da 4.ª Região do Exército.

Segundo ele, o Exército estava acompanhando toda a situação no Estado, mas a presença de soldados estava restrita a Belo Horizonte. Além de homens de um batalhão de infantaria e dois quartéis da capital, foram deslocados soldados das bases militares de cinco cidades do interior (São João del-Rei, Juiz de Fora, Santos Dumont, Montes Claros e Sete Lagoas). Oliveira, porém, não soube dizer precisamente qual era o efetivo envolvido na operação. Mas pela manhã, vários postos de observação continuavam vazios.

Durante a madrugada, a PM registrou apenas duas ocorrências na capital e região metropolitana. No final da manhã viaturas do Batalhão Rotam passaram a policiar a região central atendendo a um pedido do prefeito Fernando Pimentel (PT).

Na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Grande Belo Horizonte, familiares dos presos aguardavam na porta do presídio. Os agentes se recusavam a liberar as visitas, já que não tinham a garantia de segurança da PM e temiam por uma rebelião.

Prevenção

Anteontem, diante do impasse nas negociações, o governador decidiu se prevenir contra uma possível radicalização do movimento, a exemplo do que aconteceu na primeira greve da PM, em 1997. Na época, os cabos e soldados de baixa patente se revoltaram contra um reajuste concedido apenas para os oficiais pelo então governador Eduardo Azeredo. O movimento, que estimulou as PMs de outros Estados e acabou se espalhando pelo País, culminou com a morte do cabo Valério dos Santos, atingido por um tiro na cabeça durante um ato em frente ao prédio do comando da corporação, em Belo Horizonte. A greve durou 15 dias e o Palácio da Liberdade chegou a ser sitiado.

Viegas diz que não é intervenção

O ministro José Viegas (Defesa) negou ontem que o envio de tropas do Exército para Minas Gerais possa ser caracterizada como uma “intervenção branca” no Estado. As polícias Civil e Militar, bombeiros e agentes penitenciários estão em greve.

Segundo Viegas, foram deslocados de 1.000 a 1.500 homens do Exército para fazer a segurança das ruas de Minas Gerais – Belo Horizonte e interior do Estado.

Informações iniciais davam conta do envio de 3.000 homens para fazer a segurança tanto na capital como das cidades do interior mineiro.

Segundo Viegas, o Exército não atuará com poder de polícia, mas poderá atender casos de flagrante de delitos. “Não ocorrerá transferência automática de todos os poderes da polícia, é necessária uma coordenação.”

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