Situação do ensino no País é alarmante, diz Unicef

Brasília

– Mesmo com a melhoria dos indicadores da educação no Brasil, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) considera a situação do ensino no País “alarmante”. De acordo com o relatório “Situação da Adolescência Brasileira”, divulgado ontem em Brasília, o País ainda tem 1,1 milhão de adolescentes entre 12 e 17 anos analfabetos, o que representa 5,2% dessa faixa etária.

Outros 8 milhões têm baixa escolaridade -menos de 5 anos de educação formal – e vivem em famílias cuja renda per capita é inferior a meio salário mínimo. Apenas 11,2% dos adolescentes entre 14 e 15 anos concluem o ensino fundamental. “Os avanços na educação brasileira se limitam ao ensino fundamental, que atingiu uma cobertura de 96%. Mesmo nesse nível há o acesso ao ensino formal, mas não de qualidade. Os dados do ensino médio são bastante alarmantes”, afirmou Silvio Kalustian, oficial de projetos do Unicef e responsável pela elaboração do relatório.

Apenas 33% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados no ensino médio, apesar de 91% daqueles entre 12 e 17 anos estarem matriculados nas escolas. De acordo com o Unicef, o problema é que a maior parte deles está ainda no ensino fundamental.

Pior e melhor

O relatório traz, também, uma análise da situação de cada um dos 5,5 mil municípios do País e dos estados em relação ao atendimento dos adolescentes.

O Estado com o pior índice de alfabetização é Alagoas, onde 18% dos 403 mil adolescentes com idades entre 12 e 17 anos são analfabetos. No município de Porto Pedras, no litoral, por exemplo, 34,7% dos adolescentes não são alfabetizados. No ranking das cidades brasileiras com os piores índices estão, além das alagoanas, aquelas localizadas na região Norte. Em Itamarati, no oeste do Amazonas, quase metade da população (49,4%) de adolescentes não sabe ler e escrever. “O problema na Amazônia é diferente, é mais pelo acesso difícil”, explicou o representante do Fundo no Brasil, Reiko Niimi, que disse que, em alguns lugares, pode-se levar até três dias para chegar à escola mais próxima.

Santa Catarina, no outro extremo do País, é o Estado que tem o menor índice: apenas 1,3% dos 635,5 mil adolescentes não são alfabetizados. Em Piratuba, uma cidade com 5,8 mil habitantes no oeste do Estado, 100% dos adolescentes de 12 a 17 sabem ler e escrever.

Preconceitos

Para o Unicef, o número de adolescentes com atraso do currículo escolar é um dado ainda mais preocupante. Reiko acredita que uma criança analfabeta ou que fica atrasada em relação à série que deveria estar cursando sofre preconceitos e carrega um estigma que reforça sua exclusão social. A representante do fundo chama atenção para o fato de que, apesar de o País ter 91,7% de adolescentes de 12 a 17 matriculados na escola, apenas 33,3% dos adolescentes de 15 a 17 anos cursam o ensino médio (que deve ser cursado até os 17 ou 18 anos). “Isso significa que temos 70% de adolescentes fora da escola ou matriculados ainda no ensino fundamental”, disse.

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