Senadores aliados do PT ameaçam a Previdência

Brasília – A aprovação da reforma da Previdência, que parecia ao governo uma batalha vitoriosa, voltou ontem a ser motivo de preocupação. O lobby pela criação de um subteto salarial único para os servidores dos Estados e municípios, que o Palácio do Planalto derrubou na votação da reforma em primeiro turno, ganhou a adesão dos senadores. Em reunião com o ministro da Previdência Social, Ricardo Berzoini, senadores aliados defenderam o fim dos três subtetos salariais previstos na reforma.

Paralela à ação dos senadores, o PDT decidiu insistir no subteto único ainda na última votação do texto na Câmara: o partido romperá o acordo fechado com o governo e apresentará destaque no segundo turno de votação, marcado para a terça-feira. O destaque do PDT tem por objetivo limitar o salário público de todos os servidores estaduais à remuneração dos desembargadores, que corresponde a 90,25% do salário do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Se para os funcionários federais a referência máxima são os vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, aos servidores estaduais e municipais, obviamente, devem ser os dos desembargadores integrantes dos tribunais de Justiça dos Estados, sob a pena de violar-se de forma gravíssima o princípio federativo”, alegou o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola em carta enviada ao líder do partido na Câmara, Neiva Moreira (MA).

A decisão de tentar mudanças na Previdência foi tomada pela Executiva Nacional do PDT. “Não é descumprir o acordo e sim tomar consciência do enorme erro grosseiro que o acordo estava praticando”, disse Alceu Collares (PDT-RS). No encontro hoje com os senadores, Berzoini fez um apelo para que o Senado não promova alterações na reforma. Argumentou que seria bom politicamente para o Palácio do Planalto que o Senado aprovasse na íntegra a proposta aprovada na Câmara. “Não pretendemos alterar a reforma”, disse.

Mágoas de Lula

Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem com jornalistas políticos, da falta de reconhecimento por dois feitos seus: a capacidade de negociar com a oposição, garantindo a aprovação da reforma previdenciária, e o fato de ter acabado com marajás do serviço público.

“O (Fernando) Collor falou tanto que faria isso mas quem acabou mesmo com os marajás fui eu, agora na reforma. Ninguém no serviço público vai ganhar mais de R$ 17 mil de salário. Não haverá mais aposentadoria de R$ 50 mil, R$ 30 mil, R$ 20 mil. Mas acho que, só daqui a 20 anos, vamos tomar consciência da importância dessa mudança que foi feita agora”, disse ele.

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