Saúde descarta casos suspeitos de leptospirose no Rio

O Ministério da Saúde descartou quatro suspeitas de leptospirose nos municípios atingidos pela chuva na Região Serrana do Rio de Janeiro, mas decidiu intensificar campanhas de prevenção e tratamento de doenças comuns em regiões afetadas por enchentes. Durante visita a Nova Friburgo, o ministro Alexandre Padilha anunciou hoje que a fase de atendimento emergencial está quase superada e disse que as autoridades da área médica deverão concentrar esforços no tratamento de infecções, doenças de pele e problemas respiratórios.

“Vamos orientar a população para se prevenir das doenças que advêm de uma tragédia como essa. Fizemos uma campanha de vacinação antitetânica e estamos orientando a população sobre o uso adequado da água e sobre os riscos de animais peçonhentos, que nessas situações começam a comer mais perto das casas das pessoas”, alertou o ministro.

Apesar de exames laboratoriais terem descartado as primeiras suspeitas de leptospirose na região, as equipes médicas vão intensificar o monitoramento da doença com o objetivo de providenciar o tratamento adequado. Transmitida pela urina dos ratos, principalmente em locais alagados, a doença tem sintomas como febre, dores de cabeça e dores no corpo. O tratamento é feito com antibióticos, e os casos mais graves podem resultar em morte.

“Orientamos a população a prevenir a contaminação por leptospirose evitando áreas de enchentes. Também é fundamental que as pessoas não façam automedicação e sigam as orientações dos profissionais da área de saúde”, disse Padilha.

Após reunião com o secretário de Saúde do Estado, Sérgio Côrtes, e prefeitos de municípios atingidos, o ministro confirmou o reforço de equipes de atendimento psicológico às vítimas e o envio de profissionais de vigilância sanitária aos abrigos públicos, com o objetivo de prevenir contágio. Casos de catapora já foram identificados nos abrigos da região, mas, conforme Padilha, os pacientes foram isolados imediatamente.

Autoridades também destacaram a necessidade de ampliar o número de canis em Nova Friburgo, uma vez que dezenas de animais passaram a vagar pelas ruas da cidade após os deslizamentos e temporais. O ministério deve abrir novos espaços para cães abandonados, em parceria com organizações não-governamentais (ONGs), e enviar 5 mil doses de vacina antirrábica para animais. Até agora não foram detectados casos de raiva em pessoas desde que a enchente atingiu a Região Serrana.

Hospitais

A rede de hospitais federais do Rio está à disposição dos moradores da região serrana. Casos graves e cirurgias ortopédicas estão sendo encaminhadas para a capital fluminense. Ambulâncias também foram enviadas aos municípios atingidos para facilitar o resgate de doentes e feridos. Nos próximos dias, deverão estar disponíveis, em Nova Friburgo, 48 novos leitos destinados a pacientes da região.

O Hospital de Campanha da Marinha montado ao lado da prefeitura de Nova Friburgo também pode ser desmontado nos próximos dias. O Ministério da Saúde constatou que a rede de saúde do município já está apta a receber pacientes mais graves, o que elimina a demanda por procedimentos como cirurgias no espaço montado pelos militares.

“Recebemos um relatório do Hospital de Campanha da Marinha, que verificou que não atende casos graves há cinco dias. Se esse quadro for mantido, desativaremos a estrutura, pois ela é especializada para receber casos graves”, afirmou o ministro da Saúde.