Ruralistas argentinos ameaçam retomar protestos

A possibilidade de haver um acordo entre o governo e o setor agropecuário da Argentina parece estar cada vez mais distante. Após a trégua de 30 dias que os ruralistas deram ao governo para abrir uma mesa de diálogo, a contar a partir do dia 2 passado, nenhum interlocutor oficial realizou contato com os líderes das entidades representativas do setor. A hipótese de um novo locaute se torna presente a cada dia que passa sem diálogo, apesar dos nocivos efeitos de desabastecimento que o país ainda vive após os 21 dias de piquetes ruralistas. Nas prateleiras dos supermercados os óleos ainda não voltaram e a carne bovina já subiu 10%, com registros de escassez em alguns estabelecimentos comerciais.

A frágil trégua recebeu uma dura ameaça na manhã desta terça-feira (8) por parte do presidente da Confederações Rurais de Buenos Aires e La Pampa (Carbap), Pedro Apaolaza. "Se isso não funciona, não tem porque esperar 30 dias" para voltar aos protestos, já que o governo não se mostra aberto ao diálogo para negociar uma saída da crise que explodiu após a criação de um mecanismo móvel de aplicação dos impostos de exportações de grãos, afirmou Apaolaza em entrevista à rádio 10. "Espero que a presidente ponha um pouco de ordem a tudo isto", disse em referência à chegada de Cristina Kirchner de sua viagem a Paris. Ele confirmou que "ninguém ainda nos chamou para conversar" e o campo está "preocupado" pela ausência do governo.

O chefe de gabinete da presidência da Argentina, Alberto Fernández, pediu aos dirigentes agropecuários para "recuperar o diálogo e a confiança" porque "o melhor é tratar de encontrar soluções". Em entrevista à rádio 10, Fernández ponderou que "depois de tantos discursos destoantes que tivemos por mais de 20 dias, o melhor é buscar algum grau de tranqüilidade, nos acalmar e tratar de encontrar soluções em seu momento certo para aproveitar uma oportunidade que a Argentina tem e que é maravilhosa".

"Estamos em presença de um mundo que demanda alimentos e temos um país que pode produzi-lo, sendo assim, me parece que não devemos deixar de aproveitar esta oportunidade. Precisamos trabalhar e dar-nos tempo, e já vamos ter tempo para falar francamente e buscar as soluções que a Argentina necessita", arrematou Fernández.

Voltar ao topo