Rumsfeld elogia Sérgio Vieira e Exército no Haiti

  Ricardo Stuckert
rumsfeld240305.jpg

Presidente Lula recebe Donald
Rumsfeld no Planalto.

Brasília – O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, elogiou ontem a atuação brasileira no Haiti, à frente das tropas de paz das Nações Unidas (ONU). Em sua passagem por Brasília, Rumsfeld relembrou o diplomata Sérgio Vieira de Mello e disse que seu trabalho colaborou diretamente para que o Iraque pudesse realizar eleições democráticas.

?Os brasileiros podem ter muito orgulho dessa herança e dessa liderança que o País exerce na região e em várias partes do globo. Eu menciono especialmente o caso do Haiti?, afirmou o secretário americano Donald Rumsfeld. Para ele, a liderança brasileira na Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah) é uma contribuição bem-vinda na montagem de uma coalizão a serviço da retomada da estabilidade local.

Rumsfeld se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Defesa, José Alencar. Com ambos, o secretário americano expressou preocupação com as ameaças que representam grupos terroristas e do narcotráfico que atuam na América Latina. Por isso, disse Rumsfeld, Brasil e Estados Unidos pensam em trabalhar juntos para combater o terrorismo.

Questionado se o Brasil teria preferência no pleito a uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, por exercer a liderança das tropas de paz, Rumsfeld se negou a expressar sua opinião porque o assunto, segundo ele, é uma prerrogativa do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ou ainda da secretária de Estado, Condoleezza Rice.

O secretário americano confirmou ter conhecimento da intenção da Venezuela de adquirir 100 mil fuzis AK-47 e se mostrou preocupado em relação ao assunto. ?Eu não posso imaginar o que vai acontecer com 100 mil AK-47, eu não consigo imaginar porque a Venezuela precisa de 100 mil AK-47, e eu espero que isso não aconteça?, ressaltou Rumsfeld. Para ele, a compra dos armamentos não seria um benefício em si para o hemisfério Sul e colaboraria para aumentar a preocupação com a interferência política por parte do presidente venezuelano Hugo Chávez em outros países.

Já o ministro da Defesa e vice-presidente, José Alencar, ressaltou que o Brasil é um país historicamente pacífico e que está cada vez mais interessado em estreitar as relações com países da América Latina, seja na área diplomática, econômica ou comercial. ?O Brasil sempre defendeu e continua defendendo a autodeterminação de não intervir em assuntos de outros países?, observou Alencar após questionamento sobre a compra dos armamentos por parte da Venezuela.

Donald Rumsfeld descartou qualquer possibilidade de controle do espaço aéreo da Argentina, a despeito do que se divulgou em jornais argentinos, ou de outro país latino-americano. ?Quem decide qualquer coisa desse tipo teria me informado e não houve absolutamente nada nesse sentido. Então, pode-se descartar essa situação. Não discutimos nada sobre isso aqui no Brasil?, garantiu o secretário americano. Rumsfeld assistiu, à tarde, em Manuas, palestras sobre o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), sobre o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) e sobre a Lei do Tiro de Destruição (Lei do Abate).

Estudantes contrariados

Brasília – Um grupo de estudantes fez ontem uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto contra a presença no Brasil do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, no momento em que ele era recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Participaram da manifestação membros da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União da Juventude Socialista (UJS). Exibindo um cartaz com uma foto em que o presidente americano George W. Bush tem um bigode semelhante ao do nazista Adolf Hitler, os estudantes divulgaram uma nota na qual afirmam que o Brasil defende a paz mundial e não aceita interferências em assuntos internos. A carta culpa Rumsfeld pelas guerras no Afeganistão e no Iraque e afirma que ele é indesejado no Brasil. ?O indesejável visitante é um dos principais expoentes do governo tirânico e imperialista dos EUA. Na mesma função que ocupa ainda hoje, foi durante o primeiro mandato do presidente George W. Bush o principal executor de suas políticas belicistas como chefe de Defesa estadunidense. Comandou as guerras de agressão perpetradas contra o Afeganistão em 2001 e contra o Iraque em 2003. É o responsável direto pelos crimes ali cometidos, desde o massacre de populações civis e a destruição de cidades até a abominável prática de tortura de priosioneiros de guerra?, diz a carta.

Voltar ao topo