Réus são interrogados em julgamento do Carandiru

Os réus do segundo julgamento sobre o massacre do Carandiru começaram a ser ouvidos nesta quarta-feira, 31. A expectativa é de que sejam interrogados cinco dos 23 policiais militares presentes no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo, ao longo deste terceiro dia de júri. Segundo o Tribunal de Justiça do Estado, a defesa ainda não informou o nome de todos os réus que prestarão depoimento. O primeiro a ser interrogado é o capitão Valter Alves Mendonça, que à época do massacre era capitão da Rota.

Nesta etapa, 26 PMs são acusados de assassinar 73 detentos no 2º andar do Pavilhão 9 do Complexo Carandiru, em outubro de 1992. Nessa terça, 30, a advogada de defesa, Ieda Ribeiro Souza, entregou o atestado de óbito de um dos réus. Outros dois PMs que respondem ao processo apresentaram atestados médicos e não compareceram ao julgamento.

O capitão relembrou que a notícia da rebelião no Carandiru chegou a ele via rádio e que pediu a seus subordinados para aguardar ordens. Pouco tempo depois, foi chamado ao presídio pelo coronel Ubiratan Guimarães.

“O Secretário de Segurança (Pedro Franco) nos disse que, se fosse necessário entrar no Pavilhão 9, que estávamos autorizados”, contou Mendonça. Ele disse que, ao entrar no complexo, passou pelo pátio e viu corpos, um deles sem cabeça. Segundo o oficial, seu grupo era responsável por entrar no segundo andar do pavilhão. Mendonça contou que ouviu clarões e disparou tiros quando um sargento foi atingido.

“Naquela época não havia arma não letal, coletes e nenhum tipo de proteção. Só revólveres e submetralhadoras”, disse o capitão, que no dia usava uma submetralhadora e um escudo protetor, além de um revólver.

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