Relatório é “duplamente parcial”, diz Dr. Rosinha

O deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) classificou de "duplamente parcial" a prestação de contas dos trabalhos da CPMI dos Correios, divulgada na semana passada pelo relator da CPMI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). "A tática do relator é ocupar, neste fim de ano, algum espaço ocioso na mídia", afirma Dr. Rosinha, que também integra a comissão. "O documento divulgado é parcial em dois sentidos. Primeiro, porque é incompleto. Não aborda irregularidades ligadas ao PSDB. Segundo, porque é tendencioso. Insinua a existência de ‘mensalão’ sem minimamente caracterizá-lo."

Para o deputado, que faz parte da esquerda petista, parece faltar a Osmar Serraglio a "percepção correta" acerca do termo "mensal". "O conceito está ligado a um pagamento feito mês a mês, com alguma periodicidade, o que não está caracterizado pela investigação", afirma. O relatório parcial tem 411 páginas. Segundo Dr. Rosinha, o ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, é citado em apenas uma linha. O tucano foi beneficiado por um esquema montado pelo empresário Marcos Valério nas eleições ao governo de Minas Gerais, em 1998.

Outro problema do relatório, conforme Rosinha, é a omissão de nomes ligados ao PMDB, partido do relator. O ex-líder da bancada peemedebista na Câmara, José Borba (PR), é apontado como sacador de R$ 1,1 milhão de Valério. Em outubro, para escapar da cassação, Borba renunciou ao mandato. "O texto ainda omite informações importantes a respeito de desvios ocorridos na Fundacentro durante o governo FHC e na Telesp durante a gestão do governador tucano Geraldo Alckmin", aponta Dr. Rosinha.

Nota

Os deputados e senadores do PT que integram a CPMI dos Correios assinaram uma nota conjunta em que listam uma série de críticas ao relatório parcial de Serraglio. "Falta um esforço do relator para obter a lista dos grandes sacadores entre 1997 e 2002", diz trecho do documento. "É preciso que a Mesa da comissão interceda junto aos bancos para que as informações cheguem de maneira mais organizada".

A respeito da tese de existência do "mensalão", a nota assinada pelos petistas afirma o seguinte: "Não há qualquer correlação ou prova cabal de que estes pagamentos foram de fato para votação em favor do governo ou por troca de legenda. Todos os indícios são de caixa 2 de campanha".

Voltar ao topo