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Reintegração de prédio deixa fotógrafa ferida em SP

A desocupação de um prédio invadido na Rua do Ouvidor, 379, no centro de São Paulo, terminou em confronto entre a Polícia Militar e integrantes de um movimento de sem-teto na madrugada desta quarta-feira, 2. A fotógrafa Marlene Bérgamo, do jornal Folha de S.Paulo, ficou ferida com um tiro de bala de borracha na barriga.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as Polícias Militar e Civil foram acionadas para atender ocorrência de invasão ao prédio, que foi ocupado por volta das 23h de terça-feira, 1º, e teriam negociado a desocupação. Ao menos 250 famílias estavam no prédio, segundo as lideranças dos sem-teto. Mas, segundo a PM, o grupo tentou evitar a saída arremessando pedras e madeiras em direção aos policiais. Um dos homens ficou ferido e foi encaminhado à Santa Casa, mas não teve o estado de saúde divulgado.

Os policiais dizem ainda que um vigia do prédio foi mantido refém pelo grupo e, depois, libertado por eles. Em meio à ação, a Avenida Vinte e Três de Maio ficou interditada. Três pessoas foram detidas e levadas ao 8º Distrito Policial (Brás). A SSP informou ainda que vai apurar “eventuais excessos” cometidos pelos policiais e que, “caso constatados, providências cabíveis serão todas”.

Truculência

“Eles arrombaram a porta e entraram na truculência”, diz a coordenadora da Frente de Luta por Moradia (FLM) Gilmarina Pires da Fonseca, de 59 anos. De acordo com ela, o prédio é de propriedade de uma imobiliária que deve “milhões” em IPTU para a Prefeitura. “A dívida já está mais alta do que o valor do imóvel”, disse. De acordo com a líder do movimento, o FLM ocupa cerca de 15 prédios na cidade. A Prefeitura diz que os dados de dívida de IPTU são sigilosos e não quis comentar o episódio.

Segundo a coordenadora, é a terceira vez que os sem-teto ocupam o prédio – na primeira vez ficaram cerca de oito meses e na segunda, seis. “Mas dessa vez ficamos só duas horas. Resistimos porque não acreditávamos que iam fazer o que fizeram. Teve bomba de gás, tiro de borracha e até arma colocaram na cabeça das pessoas que estavam na rua”.

Em entrevista à Rádio CBN, o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves, justificou a ação. “(Houve) Um policial militar ferido. Os manifestantes fizeram refém um vigilante e obrigaram que a PM entrasse mesmo no prédio, porque esse vigilante ficou detido pelos ocupantes do edifício por cerca de meia hora.Essa invasão ocorrida no prédio hoje, ao contrário de outros movimentos, ela teve um ingrediente diferente. Ela teve violência por parte dos que estavam ocupando”, disse o secretário. Ele destacou que o ataque à repórter também será apurado.

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