Reforma política é primeiro tema de Aldo

  Antonio Cruz / ABr
Antonio Cruz / ABr

Clima de ressaca no primeiro
encontro de Aldo Rebelo com os
líderes do partido na Câmara.

Brasília – Em sua primeira reunião com os líderes da Câmara, o novo presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), tentou abrir o diálogo e discutiu, além da retomada das votações, a possibilidade de pôr em pauta a reforma eleitoral. O encontro ainda teve um rescaldo da eleição de quarta-feira.

O líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT- SP), protestou contra a afirmação do líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), de que a vitória do governo teria sido a vitória do mensalão. Segundo Chinaglia, a crítica foi leviana, mas Goldman não quis responder. O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), disse que Chinaglia apenas registrou sua indignação e que não houve nenhum tipo de puxão de orelhas.

Apesar do clima de ressaca, os líderes decidiram que a prioridade do plenário na próxima semana será votar as cinco medidas provisórias que trancam a pauta. Foi marcada uma nova reunião para terça-feira que vem para aprovar uma agenda mínima de votações em outubro.

O ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, disse que, se a Câmara votar a Medida Provisória 258, que cria a super Receita Federal, o governo retira as outras MPs e aí poderia ser votado o projeto de reforma eleitoral do senador Jorge Bornhausen (SC), que reduz de 90 para 45 dias o período do horário eleitoral, proíbe showmícios e a participação de artistas no programa do candidato.

A proposta de mudança na cláusula de barreira, reduzindo a exigência aos partidos de, no mínimo, 5% dos votos nacionais para 2%, só terá chance de ser aprovada se o Congresso aprovar antes uma emenda constitucional do senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) esticando o prazo de mudanças na lei eleitoral de 30 de setembro para 30 de dezembro. Há outra emenda nessa linha, do deputado Ney Lopes (PFL-RN), mas inclui neste prazo a mudança de partido e domicílio eleitoral, rejeitada por quase todos os partidos.

"Nós apoiamos a PEC desde que não seja apenas uma maquiagem. Precisamos de uma reforma política e não de uma maquiagem porque o que estamos vivendo hoje é um processo de corrupção inigualável. Caso contrário, é melhor deixar como está", disse o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP).

Elegante

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu Aldo Rebelo no começo da tarde. Bem-humorado, Lula brincou com o deputado diante dos fotógrafos: "Olha como o Aldo está elegante!", disse Lula, cumprimentando Aldo e dando-lhe um grande abraço. Os dois ainda ficaram de mãos dadas por alguns segundos posando para as fotos. Anteontem à noite, Lula comemorou a vitória de Aldo na Granja do Torto com vários ministros e parlamentares, entre eles Antônio Palocci (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil), Jaques Wagner (Relações Institucionais), e os líderes do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).

Depois de se encontrar com Lula, Aldo Rebelo fez uma visita de cortesia ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim. O encontro durou quase uma hora. 

Lula de chapéu defende Aldo e reforma política

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) representa neste momento a seriedade, a maturidade e a respeitabilidade que a Câmara precisa. Bastante descontraído durante visita à Segunda Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, o presidente aproveitou para defender a reforma política, afirmando que, se depender do governo, ela será aprovada.

"A política, se não for moralizada em sua base, dificilmente a gente conserta o resto. Todo mundo hoje tem consciência de que é preciso fazer a reforma eleitoral?, disse Lula, que estava muito descontraído, botou chapéu de cangaceiro e visitou estandes. Mais à frente Lula colocou chapéu de gaúcho e tomou chimarrão. Lula disse que na eleição de Aldo a oposição desempenhou seu papel, referindo-se à tática de governadores do PSDB de liberar secretários estaduais para que assumissem suas vagas de deputado e votassem no candidato da oposição.

"Aldo tem autoridade política e moral para dirigir a Câmara com a sensatez que ela precisa e a oposição jogou o que tinha que jogar", disse Lula, lembrando que um presidente da Câmara já foi eleito com um voto de diferença, sem citar o nome de Michel Temer (PMDB-SP).

O presidente disse que o Congresso acertou ao escolher Aldo para presidir a Câmara. Sorridente, Lula disse que a disputa foi muito difícil e que acompanhou voto a voto pela televisão. Perguntado se estava com a alma lavada com a vitória do candidato governista, respondeu: "O Congresso acertou e a maioria aprovou. Aldo será um extraordinário presidente da Câmara".

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