‘Recuperamos território para comunidade’, diz PM do Rio

Pouco mais de três horas após o início da operação no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, o comandante-geral da Polícia Militar (PM), Mário Sérgio Duarte, e o general Fernando Sardenberg, comandante da Brigada da Infantaria Paraquedista do Exército, encontraram-se no Areal. Ponto central da comunidade, o local tem aspecto simbólico. Era uma espécie de quartel-general do tráfico no Alemão e considerado inexpugnável até o início da operação. Juntos, começaram uma longa caminhada ao outro extremo do complexo, a favela da Fazendinha. Era a certeza da vitória. “Recuperamos um território para a comunidade”, disse Duarte. “Fizemos um bom combate”, atestou Sardenberg.

 

Uma semana depois do primeiro ataque de traficantes que levou o terror às ruas do Rio, 2.700 homens da Polícia Civil, da PM, da Polícia Federal (PF) e das Forças Armadas entraram no Complexo do Alemão. Não houve o combate que a polícia esperava, o que evitou uma guerra sangrenta. Para a Polícia, a operação foi um sucesso. Com uma hora e meia de operação, o comandante-geral da PM já declarava: “Vencemos, vencemos. Trouxemos a liberdade para a população do Alemão.”

No entanto, não foram presos os chefes do tráfico da Vila Cruzeiro, Fabiano Atanazio, e do Alemão, Luciano Martiniano da Silva, o Pezão. O setor de Inteligência da polícia recebeu informações de que FB teria fugido para a favela da Mangueira ou Manguinhos, dominadas também pela facção Comando Vermelho.

A maioria dos cerca de 500 traficantes que a polícia calculava estarem no complexo fugiram ou se esconderam nas casas de moradores. Há informações que alguns seguiram para a Rocinha, na zona sul, dominada por outra facção criminosa, ADA, com quem o Comando Vermelho, que dominava o Alemão, teria se aliado. Depois de perder a Vila Cruzeiro, na quinta-feira, a derrota hoje no Complexo do Alemão é um duro golpe para a facção criminosa.

Prisões

Duas prisões importante ocorreram. Uma foi a de Sandra Helena Ferreira Maciel, a Sandra Sapatão, que era do Complexo do Borel – região já dominada por uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) – e, segundo a polícia, ligada aos traficantes Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, e Luís Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.

Outra foi a do traficante Elizeu Felício de Souza, o Zeu, um dos criminosos condenados pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, da TV Globo, em 2002. Pelo menos outros 30 suspeitos foram presas. Um traficante e outras duas pessoas, ainda não identificadas, morreram. Um morador se feriu, sem gravidade. Segundo as primeiras estimativas da polícia, sete toneladas de maconha foram apreendidas, além de armas e muita munição. (Alfredo Junqueira, Felipe Werneck, José Maria Tomazela e Rodrigo Burgarelli)