Receita aponta indícios de ‘laranjas’ em venda de gado

A Receita Federal encontrou indícios de que boa parte do grupo de estabelecimentos e pessoas físicas que compraram gado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é composto por laranjas. Ou seja, emprestariam seus nomes para operações de terceiros. Estes são os primeiros resultados do pente fino, noticiado domingo pelo jornal O Estado de S.Paulo, iniciado pelo Fisco sobre as empresas e pecuaristas com os quais Renan diz ter negociado gado.

Entre os compradores citados pelo presidente do Senado em sua defesa, encontram-se, por exemplo, empresas e pessoas sem aparente capacidade econômica para realizar as compras declaradas por ele. Como forma de comprovar que tinha rendimentos para pagar a pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha, Renan apresentou recibos de compra de gado dados a 20 pessoas físicas e jurídicas. Os recibos estão acompanhados de documentos de depósito bancário em valor equivalente em sua conta no Banco do Brasil.

Há pelo menos duas hipóteses possíveis. A primeira é a de que os laranjas teriam sido utilizados pelos compradores do gado do senador, que desejariam esconder rendimentos. Nesse caso, as operações declaradas por Renan seriam corretas e as irregularidades, praticadas pelos laranjas e seus parceiros. A segunda seria a de que ele teria utilizado notas frias para ‘lavar’ rendimentos de outra origem.

O primeiro passo é checar a capacidade econômica das empresas, a consistência das notas e as movimentações. O levantamento está em fase preliminar, que antecede eventual abertura de fiscalização formal, e foi motivado pelo que saiu na imprensa.

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