Rio – Um preso esclareceu o assassinato do deputado estadual eleito Valdeci Paiva de Jesus (PSL), morto com 19 tiros em Benfica no dia 24 do mês passado. Durante audiência na 18.ª Vara Criminal o detento disse que fora convidado para participar do crime, mas recusou porque seria apenas um ladrão de carros que não gosta de violência. Ele denunciou os assassinos que já estão presos.
A denúncia foi levada aos policiais da Delegacia de Homicídios que confirmaram a história após o reconhecimento de um dos acusados por uma das testemunhas do crime. O secretário de Segurança, Josias Quintal, disse pela manhã que ainda não é possível incriminar o suplente do deputado, vereador Marcos Abrahão, como mandante do crime, mas afirmou que os acusados têm relações com pessoas ligadas a ele. Em Brasília, no entanto, fontes do Ministério da Justiça disseram ter recebido a confirmação da polícia do Rio de que Abrahão encomendara o crime.
Josias disse também não ter dúvida do envolvimento de mais de um policial no crime:
– Lamentavelmente vamos encontrar policiais envolvidos -disse o secretário.
Os acusados presos são Jorge Luís da Silva e o ex-PM Adilson da Silva Pinheiro. Eles foram apresentados ontem pela polícia. No dia do crime, Jorge Luís estava preso na Polinter de Ricardo de Albuquerque e Adilson na Delegacia de Nova Iguaçu. Também foi apresentado como envolvido no crime Wanderley da Cruz, assessor do deputado Marcos Abrahão, que era vereador de Rio Bonito e assumiu a vaga de Valdeci na Assembléia Legislativa.
Trânsito livre
Segundo as investigações, os dois assassinos conseguiram sair da prisão para matar o deputado no dia 24. O ex-PM teria voltado para a delegacia de Nova Iguaçu após o crime, e em seguida sido transferido para a DP de Cabo Frio, onde continuou tendo trânsito livre, sendo capturado ontem na rua. Por conta da denúncia, o delegado titular da Delegacia de Cabo Frio, Agnaldo Ribeiro, foi exonerado pelo chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins.
Peritos examinam o carro do deputado, morto com 19 tiros Valdeci Paiva de Jesus foi assassinado numa sexta-feira, por volta das 10h15, quando chegava à sede regional do partido, em Benfica, na Zona Norte do Rio. O pastor estava num Passat azul quando foi abordado por quatro homens em um Palio branco que fizeram vários disparos. Ele chegou a ser socorrido no Hospital Central do Exército, mas não resistiu. Segundo os peritos, o deputado levou 19 tiros.