Presidente da OAB diz que Lula é cópia de FHC

Brasília – O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, e dirigentes das seccionais estaduais da entidades avaliaram que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "sofrível" e um "carbono" da administração Fernando Henrique Cardoso.

Para Busato, ao elegerem um ex-metalúrgico com a história de Lula como presidente, os brasileiros demonstraram que querem um novo modelo político, em especial na área social. "Esse governo não conseguiu, ainda, traduzir em realidade qualquer um desses anseios da população", afirmou. Segundo ele, o termômetro para essa insatisfação dos eleitores foi a eleição municipal.

O presidente da OAB do Acre, Adherbal Maximiano Corrêa, disse que o governo Lula copia a administração de Fernando Henrique. "O governo de Luiz Inácio Lula da Silva é o papel carbono do governo de Fernando Henrique Cardoso, parece até que os dois pertencem ao mesmo partido. Se completam dois anos em que o Brasil experimentou o governo Lula e o País em nada progrediu", avaliou Corrêa. "O erro maior desse governo é ter destruído a crença e a esperança do povo brasileiro, que ficou sem alternativas para melhorar de vida. Este governo é a cópia xerox do governo Fernando Henrique", acrescentou.

Para o vice-presidente da OAB de Alagoas, Everaldo Bezerra Patriota, a prioridade do governo é o ajuste fiscal. "Eu votei no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, faço logo a ressalva, e me sinto um pouco desesperançado porque ele foi absorvido integralmente pelo capital. O último resquício disso foi Carlos Lessa, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que foi derrubado. Lamentavelmente, a sociedade vive hoje todo o esforço fiscal de cada exercício, só e então só para pagar a dívida brasileira", disse.

Frustração

O presidente da OAB da Bahia, Dinailton Oliveira, disse que a população brasileira está frustrada com o governo. "Ele está sendo uma continuidade piorada do governo de Fernando Henrique Cardoso", afirmou. O presidente da OAB do Ceará, Hélio Leitão, disse que Lula seguiu o receituário de Fernando Henrique. "A política econômica é rigorosamente a mesma, de modo que as expectativas nacionais estão frustradas", afirmou.

A presidente da OAB do Distrito Federal, Estefânia Viveiros, observou que o desempenho da economia tem atendido e superado o que esperam os credores externos. "Mas internamente é outra coisa. Para o público que fala português o que tivemos, até agora, foi muita promessa, o que é lamentável. Temos, claro, consciência da necessidade de o Brasil crescer no mercado externo, de se firmar como uma economia cada vez mais competitiva, mas não podemos esperar uma eternidade para que se faça alguma coisa e tenhamos um País mais seguro e confiante", disse.

Presidente da OAB de Goiás, Miguel Ângelo Cançado destaca que o governo não disse ainda a que veio. "O tal espetáculo do crescimento econômico anunciado, infelizmente não veio. Acho que o governo ainda está patinando, principalmente com essa insegurança no tocante à reforma ministerial apressada e descoordenada", afirmou.

Para o presidente da OAB de Mato Grosso, Francisco Faiad a área social ficou "empacada" nos últimos dois anos. "Com relação à área econômica, estamos sentindo que o governo vem mantendo a mesma política dos governos anteriores, respeitando e cumprindo todas as ordens repassadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). Portanto, para o mundo capitalista, o governo está indo bem. Internamente, entendo que o país não vai bem e o governo não tem demonstrado nenhuma ação no sentido de melhorar a distribuição de renda e a qualidade de vida do povo brasileiro", disse.

Prática não confirma discurso petista

O presidente da OAB de Mato Grosso do Sul, Geraldo Escobar, alertou para a perda de alguns controles, entre os quais, o da segurança. O presidente da OAB de Minas Gerais, Raimundo Cândido Júnior, disse que o discurso de Lula foi um e a prática está sendo outra. "Tudo aquilo que era pregação do Partidos dos Trabalhadores não está sendo verificado na prática hoje. Minha avaliação é de que não está sendo cumprido o tudo pelo social que sempre foi pregado por esse governo que aí está", avaliou.

Para o presidente da OAB do Pará, Ophir Filgueiras Cavalcante Júnior, faltam investimentos na reforma agrária. "Hoje, essa reforma é apenas um arremedo. Não há no Brasil um investimento efetivo na reforma agrária. Temos apenas números de assentamentos, mas não uma reforma agrária que coloque o homem no campo e proporcione condições para que ele fique lá. A reforma agrária passou a ser um grande engodo, apenas para figurar nas estatísticas mundiais, de que se faz reforma agrária neste País", afirmou.

O vice-presidente da OAB do Paraná, José Tadeu Saliba, disse que "todas as mazelas de governos anteriores, como a manutenção de um salário mínimo incrivelmente baixo, continuam sendo mantidas". "No geral, a impressão que tenho é que o governo não está conseguindo, de maneira nenhuma, cumprir a missão de renovação que se esperava e promover o combate à miséria", declarou.

Será o PSDB?

Para o presidente da OAB do Rio de Janeiro, Octávio Gomes, parece que o PSDB continua comandando o Brasil. "Não posso aceitar a justificativa de que o prazo é pequeno, que dirigir o país é muito complexo. Não aceito porque Lula já conhecia as mazelas desse País há muito tempo. O PT já estudava as questões sociais brasileiras. Dois anos é um prazo até longo para quem tinha todo esse conhecimento. Infelizmente, estamos na mesma estrada. O índice de desemprego continua alto, o País não avançou, a divisão de renda tem um abismo enorme. Essa é a grande verdade", disse.

O presidente da OAB de São Paulo, Luiz Flávio Borges D?Urso, criticou o abuso das medidas provisórias (Mps). Segundo ele, em média são editadas mais de cinco MPs por mês, o que supera governos passados. "Além de usurpar a competência legislativa dos parlamentares, as Medidas Provisórias contribuem para adensar o cipoal legislativo em que o Brasil está imerso. Com um ordenamento jurídico em continuada mutação, fica quase impossível acompanhar as mudanças", afirmou.

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