Brasília (AE) – A Polícia Federal vai enviar na próxima segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório parcial do inquérito do "mensalão", cujo prazo terminou ontem. O documento vai detalhar as diligências realizadas até agora e pedirá mais tempo para concluir as investigações. Por se tratar de inquérito sob segredo de justiça a PF não quis confirmar os nomes das pessoas sobre as quais já há elementos suficientes para pedir ao Supremo o indiciamento pelos crimes de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, entre outros.
Em vez disso, divulgou uma nota na qual nega que esteja fazendo agora o indiciamento do empresário Marcos Valério de Souza, acusado de ser operador do caixa 2 do PT e dos demais envolvidos no esquema, inclusive 12 parlamentares, já investigados, entre os 18 que sacaram recursos de origem ilícita das contas do empresário. A nota diz também que o despacho a ser enviado ao STF não definirá quais os tipos penais em que os investigados podem estar incursos. Essa tarefa, segundo informou um delegado que atua no caso, será feita só ao final da prorrogação do inquérito.
As investigações da PF, porém, já detectaram que Valério operou entre 2002 e 2003, em parceria com o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, um gigantesco esquema de arrecadação ilegal de dinheiro para distribuição com parlamentares e partidos da base aliada. Um dos beneficiários foi o marqueteiro do Palácio do Planalto, Duda Mendonça, que confessou ter aberto a off-shore Dusseldorf, nas Bahamas, para receber R$ 10,5 milhões de Valério como parte da dívida do PT com a campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002.