Polícia confirma versão de pistoleiro

Altamira – O delegado Waldir Freire, da Polícia Civil do Pará, disse ontem que Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, contou aos policiais durante a reconstituição do assassinato da missionária Dorothy Stang, que o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Amair Feijoli da Cunha, o Tato, combinaram com ele e Rayfran das Neves Sales para que não os envolvessem no crime em hipótese alguma, mesmo que fossem presos.

Segundo Eduardo, Tato e Bida garantiram que contratariam bons advogados para defendê-los, se fosse preciso. Bida também teria dito que eles deveriam fugir para a fazenda de sua propriedade após o crime e que os ajudaria a fugir da região. Bida é suspeito de ser o mandante do crime e Tato, de ser o intermediário. Apenas Bida está foragido.

A reconstituição durou cerca de quatro horas e foi realizada a cerca de 50 quilômetros da localidade de Anapu, numa área de difícil acesso, principalmente por causa da chuva que destruiu as estradas da região. Sob um forte esquema de segurança, os três acusados de matar a missionária – Rayfran, Eduardo e Tato – foram levados ao local de helicóptero e usando coletes à prova de balas. Também foi levado ao local o colono que acompanhava a freira quando ela foi assassinada.

As reconstituições foram feitas em separado e um acusado não ouviu o que os outros dois contaram. No fim, a polícia declarou que as informações dos três bateram com seus depoimentos. O perito criminal Joaquim Araújo, da Polícia do Pará, disse que os seis tiros foram dados à queima-roupa e que a freira tentou se defender com a bolsa e com uma Bíblia que leu para os assassinos. Os policiais e os acusados foram levados em três helicópteros, dois do Exército e um da Polícia Federal. O Exército fez o isolamento da área com os soldados do Comando de Operações Especiais da PM do Pará. Peritos da polícia estadual e da Polícia Federal conduziram as reconstituições.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, anunciou ontem que o governo federal começou, por intermédio de ações judiciais, a retomar áreas públicas invadidas e ocupadas no Pará por grileiros, fazendeiros e madeireiros. Ele estará hoje em Altamira e Anapu para anunciar a imissão de posse de três áreas reivindicadas pela freira Dorothy Stang para a ampliação dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS) da região.

Os três lotes do PDS Esperança, em um dos quais ela foi assassinada, dia 12, somam 9 mil hectares. ?Não há expectativa de direitos para ações ilegais de ocupação de terra ou de crime ambiental na Amazônia Legal. Estamos respondendo a um assassinato cruel que afrontou o povo do Pará com o combate à grilagem e incorporando estas áreas àquilo que era um sonho da irmã Dorothy nos PDS, que é a garantia de trabalho e renda, ao mesmo tempo, preservando o meio ambiente?, disse o ministro.

A violência no Pará, segundo ele, é uma reação às ações de regularização fundiária e preservação do meio ambiente que vêm sendo implementadas pelo governo federal na região.

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