PMDB já tem seu time de ministros

Depois de um ano de espera, o PMDB tenta garantir até três ministérios no governo Luiz Inácio Lula da Silva. No início de janeiro, o presidente Lula deverá receber do partido uma lista com dez nomes de senadores para escolher um ministro. O outro nome para o primeiro escalão sairá da Câmara e tudo indica que será o líder do partido, deputado Eunício Oliveira (CE). Além de dois ministérios importantes, o partido também quer uma pasta periférica para fazer acomodações regionais.

A senha de Lula de que vai compensar o PMDB foi dada no almoço de confraternização com líderes aliados na Câmara na segunda-feira. Alguns presentes escutaram uma conversa entre Lula e o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). ?A partir do dia 6, eu quero escalar o time?, disse Lula para Renan, segundo relato de alguns presentes.

Como existe uma disputa entre os senadores peemedebistas, Calheiros e o presidente do Senado, José Sarney (AP), decidiram com Lula que vão enviar uma lista com dez nomes: Hélio Costa (MG), Garibaldi Alves (RN), Maguito Vilela (GO), Romero Jucá (RR), Amir Lando (RO), Pedro Simon (RS), Sérgio Cabral (RJ), Alberto Silva (PI), Gerson Camata (ES) e José Maranhão (PB).

A preocupação da cúpula peemedebista e do próprio Palácio do Planalto na elaboração de uma relação ampla de nomes é a de evitar uma divisão no partido. ?Essa indicação será a mais transparente e democrática possível para que não haja indicação das nossas preferências. Essa será uma decisão do presidente Lula. O PMDB não teve e não terá crise existencial. O partido não vai implodir. Nossa prioridade é manter a unidade. Por isso, não podemos entrar mal no governo?, confirma Calheiros.

Apesar de ter concordado com esse ritual, no governo a preferência é por Garibaldi Alves, nome ligado a Sarney. Como o PMDB deverá ficar com dois ministros nordestinos, o partido quer uma terceira pasta para entregar a um representante de outra região. Caso não haja espaço imediato, os peemedebistas contam que poderiam receber uma estatal de peso como a Eletrobrás.

A mesma estratégia de lista deve ser feita pelo partido para escolher os ministérios. Nesse caso, a relação tem o objetivo de evitar constrangimentos para o Planalto, já que terá que pedir os cargos para os respectivos ministros.

O PMDB pretende propor três ministérios – Cidades, Comunicações e Transportes – para ficar com dois, provavelmente Cidades e Comunicações. ?No governo Fernando Henrique Cardoso tínhamos três ministérios, mesmo com um partido dividido. Agora no governo Lula temos um papel fundamental na governabilidade. As reformas foram aprovadas no Senado com 90% dos votos da bancada. O PMDB não quer ser do governo, mas sim do núcleo de poder?, diz Calheiros.

Fórum nacional

Segundo Calheiros, o partido já está negociando com o chefe da Casa Civil, José Dirceu, a realização de um fórum nacional dos partidos governistas no início do próximo ano. O objetivo do fórum é discutir um conteúdo programático comum de todas as legendas da base aliada. A idéia é que a partir desse fórum o PMDB possa influir no rumo do governo durante os três anos. Renan explica ainda que o partido tem interesse em fazer uma aliança que tenha desdobramentos na campanha da reeleição, em 2006.

No governo, a avaliação é que, num primeiro momento, Lula vai acomodar apenas o PMDB. Por isso, entre assessores do Palácio do Planalto, a reforma ministerial ganhou o apelido de ?reforma conta-gotas?. Depois do PMDB, Lula deve fazer ajustes pontuais.

Estratégia

Para tirar a ministra Benedita da Silva da pasta da Assistência Social, por exemplo, o presidente pode fazer uma unificação ainda mais profunda da área social. Já o ministro Anderson Adauto, dos Transportes, deve ser convencido pelo vice José Alencar a entrar na disputa pela prefeitura de Uberaba. ?Vou conversar com o meu grupo político em março sobre a possibilidade de entrar na disputa da prefeitura de Uberaba. Agora, antes de tudo, eu sou deputado. Se eu tiver que sair, volto para a Câmara?, diz Anderson Adauto.

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