Planalto usa emendas para ter votos

Brasília – Uma análise da liberação de emendas parlamentares nos dias que antecederam a instalação da CPI dos Correios mostra que o governo preocupou-se em agradar a algumas bancadas, como a do Rio de Janeiro, para barrar a comissão parlamentar de inquérito. A operação, porém, também fracassou e em nada ajudou na tentativa de impedir a investigação de supostos casos de corrupção na Empresa de Correios e Telégrafos.

O afago na governadora Rosinha Garotinho e no ex-governador Anthony Garotinho, presidente regional do PMDB, para tentar derrubar 39 assinaturas, resultou na liberação de R$ 1,3 milhão para a bancada do Rio em 25 de maio, o dia D da mobilização contra a CPI. O valor não é expressivo para emendas de bancada, mas supera, em um único dia, o total liberado para a bancada do estado nos primeiros quatro meses do ano.

Entre 20 e 25 de maio, foram liberados R$ 9,8 milhões em emendas de bancada e individuais, segundo dados do Siafi. Foram R$ 6,1 milhões em emendas de bancada e outros R$ 2,6 milhões em emendas individuais, além de R$ 1,1 milhão de emendas de comissões. No levantamento não estão computadas as emendas coletivas, pois o sistema não tem condições de identificar seus autores.

Esses valores são pequenos, se considerado o total de emendas aprovadas no Orçamento de 2005 e o estoque de anos anteriores que ainda não foi pago. Mas mostram a mudança de comportamento do governo em relação à liberação de emendas nos dias que antecederam a instalação da CPI dos Correios.

Os próprios líderes da base admitem que esse também foi um erro político: além de ser uma liberação inexpressiva às vésperas de uma data fatal para o governo, expôs os parlamentares beneficiados como se estivessem sendo comprados.

"O grande erro do governo é que o que é obrigação faz como se fosse favor. É uma obrigação constitucional que ele só tem cumprido em períodos críticos", reclama o líder do PTB, José Múcio Monteiro (PE).

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