PF formaliza acusação contra Roseana e Murad

Brasília

(AE) – A Polícia Federal concluiu ontem o inquérito que apura as fraudes no projeto da Usimar Equipamentos Automotivos, financiando pela extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), e incriminou a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney; seu marido Jorge Murad e o ex-presidente do Senado, Jader Barbalho, além de outras 19 pessoas. Roseana e Murad são acusados de formação de organização criminosa, tráfico de influências, peculato e lavagem de dinheiro.

O inquérito seguiu ontem mesmo para a Justiça Federal no Tocantins e voltará à PF na próxima semana para que o indiciamento de todos seja formalizado.

Em seu relatório, o delegado federal Hélbio Dias Leite, que coordena todas as investigações relacionadas às fraudes na Sudam afirma que Murad e Roseana participaram do esquema que cometeu as irregularidades na instituição, e, por este motivo, foram incriminados por formação de quadrilha. No relato feito ao juiz federal Alderico dos Santos, o delegado Dias Leite aponta indícios de que os R$ 1,340 milhão encontrados no escritório do casal, a Lunus Serviços e Participações, podem ser recursos originários da Sudam. Entretanto, o delegado não teve como prosseguir as investigações, já que os documentos apreendidos na empresa, em janeiro deste ano pela PF, estão lacrados por ordem do Tribunal Regional Federal (TRF).

Apesar de formalizar os supostos crimes que cada um cometeu, Dias Leite não cogita, pelo menos por enquanto, a possibilidade de pedir a prisão preventiva de nenhum dos envolvidos. “Não vejo motivos para isso, já que todos os acusados possuem residência e emprego fixos, não estão intimidando testemunhas e participaram de todas as audiências a que foram chamados. Enfim, não oferecem risco à sociedade”, afirmou o delegado. Após o recebimento do inquérito, a Justiça Federal dará vistas ao Ministério Público Federal. Nos próximos dias será formalizado o indiciamento.

Além de Roseana e Murad, o ex-senador Jader Barbalho está no rol dos envolvidos, segundo avaliação da PF, já que teria sido o intermediário entre os empresários que fizeram o empreendimento e a Sudam. Duas testemunhas -Ulbi Arlant e Amauri Cruz Santos – foram decisivas para incriminar o ex-presidente do Senado, já que foram eles quem ofereceram as principais pistas para a elucidação do caso: cinco cheques de R$ 550 mil trocados com um doleiro de Belém (PA). Em uma busca e apreensão feita na casa de câmbio, os cheques foram encontrados pela PF. Tanto Amauri Santos como Arlant receberam perdão judicial por terem colaborados com as investigações.

Entre as outras 19 pessoas acusadas de envolvimento nas fraudes de financiamentos da Sudam para a Usimar, estão vários funcionários da autarquia, incluindo os ex-superintendente José Artur Guedes Tourinho e Maurício Vasconcelos. A PF e o Ministério Público Federal encontraram algumas trocas de correspondências entre Murad e Tourinho, algumas delas referentes ao projeto Usimar. Na busca e apreensão feita pela PF na Lunus Participações, foram encontrados diversos documentos referentes ao empreendimento, mas não puderam ser usados nos inquérito porque estão sob judice. O ex-secretário de Jorge Murad, Alexandre Falcão, que foi seu adjunto na gerência de Planejamento do governo do Maranhão, também foi incriminado por Dias Leite.

Ministério Público – Independente do envio do inquérito sobre a Usimar para a Justiça Federal pela PF, o Ministério Público Federal vai formalizar nesta quarta-feira a denúncia contra as 22 pessoas levantadas pelas investigações. Procuradores federais que trabalham no caso confirmaram que Murad e Roseana Sarney, além de Jader, serão denunciados por diversos crimes.

Pefelista desafia polícia

São Luís

(AE) – A ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), disse que nada foi provado contra ela e seu marido Jorge Murad, ex-gerente de Planejamento do Estado, para justificar o pedido de denúncia relacionada à Usimar Equipamentos Automotivos – projeto que recebeu R$ 44 milhões em financiamentos, sem ter saído do papel. A denúncia deve ser concluída nesta quarta-feira pelos procuradores da República no Tocantins e deve ser enviada no mesmo dia à Justiça Federal. Roseana desafiou o Ministério Público e a Polícia Federal a provarem que encontraram algum recurso desviado da Sudam nas suas contas ou nas de Murad.

O desafio foi feito através de uma nota de três parágrafos encaminhada à Rede Globo do Televisão, como resposta à reportagem que noticiou a iminência da denúncia da ex-governadora e ex-candidata a presidente da República. Na nota que também foi publicada no jornal O Estado do Maranhão, de propriedade da família Sarney, Roseana diz que sua defesa do projeto Usimar, junto ao Conselho Deliberativo da Sudam (Condel) foi apenas a ação normal de uma governadora interessada em trazer investimentos para o seu Estado. E lembrou que quem nomeia o superintendente da Sudam e libera os recursos é o presidente da República.

O projeto Usimar foi aprovado pelo Condel em dezembro de 1999, em São Luís (MA). O que prometia ser uma fábrica de componentes automotivos de grande porte chegou a consumir R$ 44 milhões da Sudam, mas nunca saiu do papel. Desde 2000, o Ministério Público Federal do Maranhão, Pará e Tocantins investiga a fraude. Em dezembro do ano passado 40 pessoas foram denunciadas pelo MPF do Maranhão em uma ação civil pública, que pede o ressarcimento do dinheiro desviado e a punição civil dos envolvidos. Entre os denunciados estão Roseana Sarney e Jorge Murad. A denúncia de improbidade administrativa tramita na Justiça Federal do Maranhão.

Advogado garante que tem provas

Brasília

(AE) – O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro disse ontem que, até as eleições de outubro, vai conseguir provar que são infundadas as denúncias feitas contra seus clientes, a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney e seu marido, Jorge Murad, por envolvimento no desvio de recursos do Projeto Usimar Equipamentos Automotivos, financiando pela extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Na denúncia que entregam hoje à Justiça Federal do Tocantins, procuradores do Ministério Público acusam o casal de ter se beneficiado diretamente dos R$ 44 milhões liberados para o projeto financiado pela extinta Sudam, que nunca saiu do papel.

O advogado de Roseana e Murad afirma que seus clientes são os principais interessados em querer esclarecer o que houve com o dinheiro destinado ao projeto. Até porque, acreditam que houve mesmo irregularidade entre a liberação do dinheiro pelo Tesouro Nacional e a destinação dada pela Sudam. “O que não é aceitável é a idéia de que o governo do Maranhão poderia auxiliar no desvio”, afirma.

O advogado Almeida Castro diz não ter dúvida de que houve crime e corrupção no projeto “fantasma” da Usimar, mas não aceita associação das denúncias contra o ex-senador Jader Barbalho.

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