Patriotismo é não ceder ao FMI, diz líder do MST

São Paulo – O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que participou ontem da décima edição do Grito dos Excluídos, em Aparecida, afirmou que o governo do PT deveria fazer uma autocrítica sobre a relação do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Para Stédile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva age certo ao exortar a população a ser mais patriota, mas deveria rever algumas diretrizes que afetam a soberania nacional, como a “subserviência” aos interesses do FMI.

“O que eu posso criticar é que várias áreas do governo Lula estão afetando a soberania nacional, como o caso do leilão dos poços de petróleo, que entregaram para as multinacionais. A Petrobras ganhou alguns, mas outros não. Está na Constituição que o petróleo é nosso, e o governo fez licitação e entregou para as multinacionais, isso não é patriotismo”, disse ele.

Em seguida, o líder do MST mirou suas críticas para o relacionamento do governo com o FMI. “Em outros casos da nossa política econômica, é uma total subserviência aos interesses do Fundo Monetário Internacional. Vem aí o fundo, que representa os interesses dos banqueiros internacionais, e o governo bate palma. Isso é um antipatriotismo. O governo deveria fazer autocrítica, patriotismo não é cantar o hino e reverenciar a bandeira brasileira, patriotismo é defender em primeiro lugar os interesses do povo brasileiro”.

Milhares de pessoas participaram neste Dia da Independência do Brasil do Grito dos Excluídos, na Basílica de Aparecida. O ato é organizado por várias entidades e também pela Igreja Católica. As organizações sociais prometem fazer vários protestos, até o dia das eleições, contra a possibilidade de o Brasil participar da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Crítica

O Grito dos Excluídos acontece tradicionalmente no dia 7 de setembro e este ano a campanha tem como tema: “Brasil: Mudança para valer, o povo faz acontecer”. Participaram do ato representantes de diversos movimentos sociais, como grupos de luta por moradia, portadores de deficiência física, indígenas, mulheres, moradores de rua, além das pastorais sociais e centrais sindicais.

Segundo o coordenador do evento em São Paulo, Benedito Roberto Barbosa, as expectativas foram superadas. Para ele, o ato é um momento importante para reflexão sobre a situação do Brasil. “Sobre a situação da exclusão, desemprego, pobreza e miséria que vivemos hoje no país.”

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