Para a CPI, Marcola nega ter ordenado ataques

Foto: Paulo Liebert/Agência Estado

Marcola depôs durante 5 horas aos deputados que foram ouvi-lo.

O preso Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, de 36 anos, confirmou ontem a integrantes da CPI do Tráfico de Armas sua condição de líder do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele negou, porém, que tenha ordenado a onda de ataques às forças de segurança do Estado de São Paulo, entre os dias 12 e 20 de maio. Ele também não confirmou ter havido acordo para o fim dos atentados e rebeliões nos presídios. Os deputados interrogaram o detento durante cinco horas no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, a 605 quilômetros de São Paulo.

Marcola respondeu a todas as perguntas, dando inclusive dados ?interessantes? sobre o tráfico internacional de armas, disse o relator da comissão, deputado Paulo Pimenta (PT-RS). ?Foi um depoimento proveitoso?, esquivou-se o parlamentar, alegando que não poderia dar detalhes por se tratar de um depoimento reservado.

O número 1 da facção criminosa chegou à sala de videoconferência do presídio, no prédio da administração, às 13h47. A sala, pequena e estreita, recebeu mesas e cadeiras para o interrogatório. Marcola ficou sentado à frente dos oito deputados. Vestia as tradicionais calças caqui – o uniforme antigo foi liberado pela Secretaria da Administração Penitenciária pouco antes do início dos ataques -, camiseta branca e tênis prateado.

Foi a primeira vez que o líder deixou a ala de isolamento do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde está preso desde a transferência que teria desencadeado a série de ataques, dia 12 de maio. Durante todo o depoimento, Marcola permaneceu algemado e escoltado por dois agentes de segurança penitenciária. Estava com a barba feita e aparentava tranqüilidade. Quando notou a presença de fotógrafos e cinegrafistas, o líder da facção baixou a cabeça e, em determinado momento, escondeu o rosto com as mãos.

O presidente da CPI, deputado Moroni Torgan (PFL-CE), disse que Marcola respondeu a todas as perguntas ?do jeito dele, mas que corroboraram as suspeitas da comissão?. ?Dá para perceber que é um preso acima da média?, comentou. O relatório final da CPI do Tráfico de Armas será entregue no próximo dia 3 e entra em votação dois dias depois.

Os deputados chegaram ao aeroporto de Presidente Prudente, em um turboélice Learjet do governo estadual com atraso de cerca de duas horas, causado pelo nevoeiro no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Escoltados por viaturas das polícias Militar Rodoviária e Federal, os integrantes da CPI seguiram em comboio até o presídio. O governo mobilizou 110 agentes e policiais e 23 viaturas para dar suporte à operação. O aparato foi justificado pelo fato de dois deputados terem sido ameaçados de morte por supostos integrantes da facção.

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