Palocci depõe sob enxurrada de acusações

A Polícia Federal interroga hoje, a partir das 10h, o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que deve sair do depoimento indiciado pelos crimes de violação de sigilo funcional, por conta da quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Com as explicações do ex-ministro, o delegado Rodrigo Carneiro, encarregado do inquérito, espera fechar a cadeia de comando envolvida no crime, que prevê pena de até seis anos de reclusão, mais multa e apurar a responsabilidade pelo vazamento dos extratos do caseiro para a imprensa, até agora atribuída ao jornalista Marcelo Netto, ex-assessor de Palocci.

Netto também deve se apresentar para depor hoje, sob pena de ser levado judicialmente sob coação, por determinação judicial, porque a PF não consegue encontrá-lo para entregar a intimação. Uma convocação por edital deve ser publicada por edital na imprensa, caso ele não se apresente amanhã. Por conta dos depoimentos de dois assessores diretos do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a PF poderá indiciar Palocci também por abuso de poder e advocacia administrativa.

São eles o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg e o chefe de gabinete do Ministério, Cláudio Alencar, que prestaram depoimento no domingo passado em companhia do jornalista Edson Luiz da Silva, assessor de imprensa de Bastos. Os depoimentos dos dois reforçam a tese de que Palocci aproveitou-se do cargo para forçar a PF a participar do esquema de pressão que o ex-ministro comandou pessoalmente para desmoralizar o caseiro.

O secretário de Direito Econômico relatou que Palocci o procurou porque Bastos estava em viagem oficial em Rondônia, participando de uma operação na fronteira com a Bolívia. Ele disse que ao chegar à residência do ministro lá já se encontravam Marcelo Netto e o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, que participaram da reunião. Em nenhum momento, segundo Goldberg, Palocci deixou claro que já tinha em mãos os extratos do caseiro, fruto da quebra ilegal do sigilo. Palocci, conforme destacou, queria que o Ministério da Justiça colocasse a PF à frente das investigações dos inquéritos que correm contra ele na comarca de Ribeirão Preto, por conta do foro privilegiado que desfrutava como ministro.

Com a investigação sobre a movimentação atípica do caseiro, em cuja conta esperava encontrar provas de corrupção e com o desaforamento dos inquéritos contra sua administração como prefeito de Ribeirão, Palocci esperava ter mais chance de contornar os ataques da oposição e, com isso, se manter no cargo. 

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