Palocci ameaça deixar ministério se tiver de ir à CPI

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, confirmou a presença na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado no dia 22 para falar de economia e esclarecer as denúncias de corrupção envolvendo o nome dele e de ex-assessores na prefeitura de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Nas últimas horas, Palocci intensificou o contato com os senadores e avisou que, se for convocado para a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos – controlada pela oposição – deixará o cargo.

A ameaça surtiu efeito e setores da oposição e do governo, que não desejam o caos econômico, entraram no circuito para dar uma tribuna ao ministro da Fazenda e evitar, pelo menos por enquanto, a convocação na CPI. ?Acho que ele precisa vir ao Congresso o mais rapidamente possível, pois não pode haver dúvidas sobre o ministro da Fazenda?, afirmou o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). ?Faremos o que for conveniente para o ministro: se ele quiser comparecer à CAE ou mesmo no plenário, tudo bem?, prosseguiu. A disposição de Palocci em esclarecer as denúncias na CAE, longe do ambiente hostil da CPI, foi aplaudida por todos os senadores.

A única preocupação, revelada, sutilmente, pelo próprio ministro em conversas políticas, é com a eventualidade de novas denúncias surgirem depois do feriado prolongado da próxima terça-feira, Dia da Proclamação da República, complicando a situação dele. ?Acho muito tarde o dia 22?, afirmou um aliado de Palocci, com o receio de o ministro ser bombardeado antes. Mesmo acuado com as sucessivas acusações envolvendo homens da confiança dele, Palocci não faz pressão nem pede ajuda direta aos políticos. Ao senador Tião Viana (PT-AC), com quem tem um bom relacionamento, perguntou qual seria o melhor momento para prestar esclarecimentos. ?Ele vai falar, abertamente, na CAE?, assegurou Tião Viana, para quem o êxito da política econômica significa credibilidade do ministro. Na avaliação do senador do PT do Acre, Palocci não pode ser acusado por episódios ocorridos na prefeitura de Ribeirão Preto. É provável que, antes da reunião da CAE, os governistas façam um encontro prévio com o ministro para preparar o ambiente da audiência.

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