P-SOL entra com ação contra Joaquim Roriz na Secretaria-Geral do Senado

Brasília – O P-SOL protocolou na Secretaria-Geral da Mesa do Senado representação contra o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) para investigação de possível quebra de decoro parlamentar.

A presidente do P-SOL, senadora Heloísa Helena, entende que a representação poderia ter seguido diretamente para o Conselho de Ética, mas, para evitar qualquer tipo de mecanismo "protelatório", o partido decidiu entrar com representação na Mesa Diretora.

?Para evitar qualquer mecanismo, penduricalho para obstaculizar as investigações como aconteceu no outro processo, nós vamos protocolar na Secretaria-Geral da Mesa, embora tenhamos convicção que pelo decreto legislativo no seu artigo 17 podia ser entregue direto no Conselho de Ética?, afirmou Heloísa Helena.

No processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o P-SOL protocolou representação diretamente no Conselho de Ética. No entanto, o presidente do colegiado na época, senador Siba Machado (PT-AC), enviou a representação à Mesa antes de abrir processo no colegiado.

?Então, estamos protocolando na Secretaria da Mesa. E encaminhando um ofício ao presidente do Conselho de Ética (senador Leomar Quintanilha) dando conta da representação que foi protocolada?, acrescentou Heloísa Helena.

De acordo com ela, as denúncias contra Roriz são gravíssimas e ?caracterizam indícios relevantes de crimes contra a administração pública e quebra de decoro parlamentar?. A representação diz que a transcrição da conversa sugere combinação entre Roriz e Tarcísio Franklin de Moura, ex-presidente do Banco Regional de Brasília (BRB).

?É forte o indício de que o representado, homem de reconhecidas posses, poderia ter usufruído facilidade de mobilização na realização no negócio, vez que, na anterior condição de governador do Distrito Federal, teria nomeado o presidente do Banco distrital e firmado o contrato de concessão para as empresas do emissor do cheque?, afirma o documento.

A presidente do P-SOL ironizou as explicações apresentandas por Roriz nos últimos dias. Para ela, só enriquece na política, com salário de parlamentar, quem é ladrão. ?Existem fórmulas que contrariam o rigor matemático e o rigor da reprodução bovina, até porque está havendo um mecanismo de exploração tão rápido das nossas fêmeas que ninguém sabe como elas se reproduziram tão rápido. Animais que estão agora virando bezerros de ouro.?

A representação contra Roriz reproduz gravações telefônicas indicando que o senador teria combinado divisão de dinheiro com o ex-presidente do BRB Tarcísio Franklim de Moura, suspeito de participar de um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.

No mesmo dia da conversa, teria ocorrido uma operação de saque no BRB no valor de R$ 2,2 milhões em nome de Nenê Constantino de Oliveira. Segundo Roriz, a operação financeira foi um empréstimo feito junto ao empresário Nenê Constantino, presidente do Conselho Administrativo da empreas Gol Linhas Aéreas, no valor de R$ 300 mil. Desse total, R$ 271.320 teriam sido usados para o pagamento de uma bezerra aquirida da Associação de Ensino de Marília.

Em nota, o senador do Distrito Federal afirma que Nenê Constantino teria condicionado o empréstimo ao resgate do cheque emitido pela Agrícola Xingu S/A, no valor de R$ 2.231.155,60, para viabilizar a operação. Desta forma, o empresário teria recebido em espécie R$ 1.931.155. Roriz disse que o restante do empréstimo – R$ 28.680 – foi repassado "ao amigo" Benjamim Roriz, que estaria "com problemas de saúde na família".

As irregularidades foram descobertas por meio da Operação Aquarela, deflagrada este mês pela Polícia Civil do Distrito Federal. Por conta do foro privilegiado, a possível participação de Roriz no esquema deve ser investigada pela Procuradoria-Geral da República.

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