Operários fazem manifestação após mortes em Salvador

Cerca de quatro mil trabalhadores da construção civil estão reunidos, desde as 7 horas, em Salvador, segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção na Bahia (Sintracom-Ba). A manifestação ocorrem em homenagem aos nove colegas que morreram ontem, após a queda de um elevador na construção do Edifício Empresarial Paulo VI. A obra é da Construtora Segura e fica no bairro Caminho das Árvores, região nobre da capital baiana.

Hoje, os operários se recusaram a trabalhar e estão reunidos em frente a um canteiro de obra do condomínio Le Park, na Avenida Paralela. No local, segundo o sindicato, já ocorreram três mortes, uma em novembro de 2009 e duas em setembro do ano passado.

Os integrantes do sindicato também visitaram canteiros de obras para mobilizar os operários para comparecerem ao sepultamento dos nove trabalhadores. Após a manifestação, o grupo deve seguir para o enterro de dois trabalhadores, no Cemitério Bosque da Paz, às 11 horas, onde também ocorre o sepultamento de outro operário, às 14 horas. Às 15 horas, o enterro acontece no Cemitério Campo Santo. Os demais sepultamentos devem ocorrer no interior do Estado, segundo o sindicato.

Perícia

Agentes do Departamento de Polícia Técnica, que periciaram o local onde ocorreu o acidente com o elevador, afirmaram que a análise preliminar aponta falha mecânica. A suspeita é de que uma peça que traciona os cabos tenha se partido, deixando o equipamento sem sustentação. O laudo da perícia, porém, só deve ser conhecido em 30 dias. “Caso seja comprovada imprudência ou imperícia, o responsável pode responder por homicídio culposo (sem intenção)”, disse a delegada Jussara Souza.

Fiscais do Ministério Público do Trabalho estiveram no local e afirmaram que o equipamento está defasado. “Este elevador está muito ultrapassado e não poderia mais ser considerado dentro das normas de segurança”, afirmou o fiscal Flávio Nunes.

Para o presidente da construtora, Manuel Segura Martinez, não houve falta de manutenção. “Eu mesmo usava esse elevador todo dia.” Funcionários corroboram a versão do empresário. “O elevador foi vistoriado na semana passada”, disse o carpinteiro José Alves Pinto. “Trocaram até um dos cabos.” Em nota, a empresa informou que “o equipamento estava funcionando dentro dos parâmetros de segurança e em perfeito estado de conservação”. Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.