Novo tesoureiro de Lula já preocupa a oposição

Foto: Arquivo/O Estado
Prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior, que será o tesoureiro da campanha pela reeleição de Lula.

A oposição reagiu com ironias e preocupação à escolha do prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior, para ocupar o cargo de tesoureiro da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na avaliação de dirigentes do PSDB e PFL, mesmo depois das denúncias sobre a existência de esquemas de cobrança de propina pelas prefeituras de Santo André e de Ribeirão Preto destinadas a abastecer o caixa 2 do PT, que foram investigadas pelas CPIs do Congresso, o partido de Lula estaria repetindo o mesmo comportamento.

"O presidente Lula não aprende com os erros que cometeu e nos traz de volta um novo Delúbio Soares para o centro da campanha e para o período curto de governo que terá pela frente" afirmou o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), se referindo ao ex-tesoureiro do PT, indiciado pela CPI do mensalão como um dos responsáveis pelo valerioduto. Além de repetir o esquema de arrecadação montado em 2002, os oposicionistas reagiram à resistência de Lula em participar de debates com outros candidatos presidenciais, afirmando ser por conta de sua vantagem nas pesquisas e para não enfrentar as denúncias de corrupção.

A indicação do prefeito José Filippi, que está sendo investigado pelo Ministério Público de São Paulo, para cuidar das finanças da campanha de Lula, foi assunto ontem, de conversas entre parlamentares de oposição. O presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), ficou surpreso com a iniciativa do PT.

"Isso está parecendo uma réplica de Santo André e Ribeirão Preto, ou seja, está de volta o velho esquema de arrecadação de recursos para a campanha. O PT não aprende mesmo" comentou o tucano, ao citar as administrações petistas nas duas prefeituras acusadas de fazer caixa 2 para o partido.

O candidato a vice-presidente na chapa do tucano Geraldo Alckmin, senador José Jorge (PFL-PE), ressaltou que, quando foi indicado para a tesouraria na eleição passada, Delúbio Soares era considerado inocente. "Mas o novo já começa como suspeito e debaixo de acusações", observou. "O PT mantém a tradição de escolher tesoureiros suspeitos", emendou o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).

Para o senador Heráclito Fortes (PFL-PI), a escolha de José Filippi significa o "primeiro indício da campanha de Lula que o caixa 2 não acabou." "Resta saber agora se ele pagou a dívida com resto de campanha ou com arrecadação para a campanha de agora", completou. O Ministério Público de São Paulo está investigando a origem de parte do dinheiro que Filippi pagou, em 2003, uma multa de R$ 183,3 mil por ter causado prejuízo ao cofre da prefeitura.

Mas muitos políticos da oposição não ficaram surpresos. "Depois da complacência da direção maior do PT e do próprio presidente Lula com personagens sombrias do valerioduto, a escolha desse tesoureiro faz sentido", afirmou o senador Jefferson Peres (PDB-AM), candidato a vice-presidente na chapa do candidato presidencial do PDT, senador Cristovam Buarque (DF) "Eles (os petistas) não se preocupam mais com reputação", completou.

A candidata do PSOL, senadora Heloísa Helena (AL), seguiu na mesma linha. Segundo ela, a decisão de Lula em escolher para tesoureiro de sua campanha uma pessoa suspeita é "compatível com a metodologia que vem sendo definida pelo PT". "Nada me surpreende", disse.

Critica

Ao confirmar ontem a nomeação de Filippi Júnior como tesoureiro da campanha pela reeleição do presidente Lula, o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), o defendeu das suspeitas de improbidade e criticou o Ministério Público. "É estranho um documento como aquele (inquérito aberto pelo MP) surja logo depois do anúncio da possibilidade de Filippi ser tesoureiro. Assim como respeitamos profundamente a autonomia do Ministério Público, não somos obrigados a acreditar que todos os procuradores agem apenas no estrito interesse público", disse Berzoini.

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