Mural de 352 propostas encerra Fórum Social Mundial

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Participantes do fórum quimam boneco representando o presidente dos EUA.

Porto Alegre – O 5.º Fórum Social Mundial (FSM) terminou oficialmente ontem, com a apresentação de 352 sugestões feitas por organizações e participantes que, cada uma à sua maneira, expuseram suas idéias em um mural de propostas que reúne as conclusões surgidas ao longo dos seis dias de debates em Porto Alegre. A cerimônia de encerramento do fórum, realizada às margens do rio Guaíba, manteve a pluralidade de povos, raças e línguas presentes na capital gaúcha desde a última quarta-feira.

O mural foi dividido em onze partes, de acordo com os temas apresentados em cada um dos espaços temáticos do fórum. As sugestões são as mais diversas: desde a criação de grupos de trabalho para discutir o direito das mulheres, como a proposta para o exercício diário e individual da luta pelo fim das desigualdades.

A funcionária da Petrobras Suzana Sattamini foi uma das últimas a colocar sua proposta. Ela sugeriu a implementação pela empresa de ação que promova educação ambiental participativa, baseada no método de Paulo Freyre. "O José Saramago tirou a palavra utopia do dicionário durante uma palestra no fórum. Disse que o momento é agora, quando temos que realizar, a despeito de qualquer outra atitude, como cidadãos ou se pertencemos a uma empresa ou não. Espero que muitos saiam daqui com ações a realizar", disse Suzana.

Além do mural de propostas, foram realizados cinco shows artísticos na cerimônia de encerramento, representando os cinco continentes. Cada grupo resumiu em apresentações de música e dança as principais lutas mundiais, como a paz no Iraque, a libertação da Palestina, e o combate ao vírus HIV na África. A bandeira das bandeiras, criada no 3.º fórum, foi apresentada formalmente aos participantes. A cada ano, a grande bandeira integrada por outras de movimentos sociais presentes no FSM ganha novos adeptos, e já chega a mais de 20 metros.

Domingo à noite, o "Mapa Humano da África" abriu as cerimônias de encerramento do Fórum Social Mundial. Uma performance conjunta de diversos grupos afro-brasileiros e indígenas construiu um mapa humano da África como uma representação da solidariedade entre os povos que marcou a transferência do fórum do Brasil para a África em 2007. Participantes dos grupos M?afrika, de Uganda, Bumba Meu Boi, os Tambores pela Paz, Congada-Moçambique, Afro-Tche, jogos do Teatro de Farra, o coral do Centro de Cultura Negra de Porto Alegre e rodas comunitárias de capoeira compuseram o mapa.

No ano que vem, o fórum será realizado simultaneamente em várias localidades do mundo. Por enquanto, a Venezuela e o Marrocos já apresentaram a disposição em sediar o evento. Em 2007, a sede do fórum já está confirmada para um país africano.

Evento por um mundo melhor

Porto Alegre – Foram seis dias de muitas discussões, debates políticos e apresentação de propostas para fazer do mundo um lugar melhor para se viver. Mais de 150 mil pessoas passaram pelo 5.º Fórum Social Mundial (FSM), em 2.500 atividades realizadas nos 11 espaços temáticos espalhados por quatro quilômetros do chamado "território social mundial". No último FSM realizado em Porto Alegre, os números superaram as expectativas do comitê organizador.

Segundo Cândido Grzybowski, membro do comitê organizador e diretor-geral do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), o 5.º Fórum Social Mundial teve como marca a diversidade dos debates com novos temas presentes. "Nós tivemos um fórum mais renovado em discussões, não se repetiram as idéias. Houve muito debate novo, muitas idéias, e uma certa vibração maior nas atividades, até as menores, onde houve muita participação", afirmou Grzybowski.

Para Francisco Whitaker, da Comissão de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e membro do comitê, as 352 propostas apresentadas como resultado final do fórum não se esgotam com o encerramento dos debates. "O fórum foi um enorme passo para a frente. Os participantes chegaram a duas mil atividades com ações concretas. A perspectiva de fazer que as entidades e organizações conseguissem se aglutinar antes do fórum ocorreu tanto aqui, no momento de maior concentração, e depois continuam para avançar ainda mais", ressaltou.

Próximo fórum descentralizado

Porto Alegre – A partir de 2006, o formato do Fórum Social Mundial será descentralizado. Uma cidade não vai concentrar os eventos do fórum como ocorreu em todas as edições, e o evento ocorrerá em datas distintas, em série. "Os primeiros fóruns vão ser nos mesmos dias do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, e vão dar a arrancada. Depois, em abril, na reunião do Conselho Internacional do Fórum, em vários lugares do mundo, vão se constituir discussões sobre o próximo fórum. E em 2007, vai ser de novo um só, unificado na África", esclareceu Whitaker.

Até agora, a Venezuela e o Marrocos manifestaram disposição para sediar partes do Fórum Social Mundial. Segundo Francisco Whitaker, ainda não está definido o formato do FSM, nem quantas cidades poderão sediar simultaneamente o evento. "Inicialmente, podem ser até mais de três cidades. É uma proposta que a Venezuela seja um desse lugares", afirmou. A eficiência das discussões no novo formato do fórum só poderá ser comprovada depois de sua implementação. "A gente vai sofrer no campo das idéias. Ir a um lugar novo é como começar", afirmou.

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