Mulheres com mais escolaridade e renda adiam maternidade

Quanto mais instruída ou mais rica, mais tarde as mulheres decidem pela maternidade, segundo dados do Censo de 2010, divulgados pelo IBGE. A idade média das mães da classe sem rendimento era de 25,7 anos em 2010. Já entre as mulheres com renda superior a 5 salários mínimos per capita, a idade subia para 31,9 anos.

Entre mulheres sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, a idade média para ter filhos era menor (25,4 anos) do que das mulheres com ensino superior (30,9 anos), de acordo com o IBGE.

Mulheres com superior completo tinham também uma taxa de fecundidade mais baixa, de apenas 1,14 filho. Já as que estudaram no máximo até o fundamental incompleto geravam 3,09 filhos, em média.

Na faixa de renda de até 1/4 de salário mínimo per capital, a taxa de fecundidade era de 3,90 filhos, caindo gradualmente até chegar a 0,97 filho de com renda superior a cinco salários per capita.

Em média, a fecundidade das mulheres brasileiras era de 1,9 filho por mulher, abaixo da taxa de reposição da população –2,1 filho, um para substituir o pai e outro para a mãe, além de uma “sobra” para compensar mortes de jovens.

Casais com filhos de outros relacionamentos

Quase um sexto (16,2%) dos lares brasileiros habitados por casais com filhos contam com a presença de filhos de relacionamentos anteriores de um ou dos dois cônjuges

Segundo pesquisadores do instituto, as chamadas “famílias reconstituídas” normalmente são formadas após a separação ou morte de um dos cônjuges e o estabelecimento de novas relações por parte dos viúvos ou separados.

Assim, em 2010, 83,8% dos casais com filhos viviam apenas com os filhos concebidos pelos dois, enquanto 5,8% viviam apenas com filhos do responsável pelo domicílio e 3,4% apenas com filhos do cônjuge. Em 7,1% dos casos havia outras configurações — como o convívio de filhos do casal e de apenas um dos cônjuges, por exemplo.

Viver sozinho

Outro dado constatado pelo Censo foi o número cada vez maior de brasileiros que vivem sozinhos. Em 2010, os domicílios ocupados por uma única pessoa representavam 12,1% do total. Em 2000, eram 9,2%.

No município gaúcho de Herval, mais de um quarto (26,3%) das unidades era ocupada por apenas uma pessoa. Já em Porto Alegre, capital onde o fenômeno foi mais comum, a proporção chegou a 21,4%.

Por outro lado, 8% dos domicílios do país são habitados por mais de um núcleo domiciliar — na maioria das vezes, o segundo núcleo é formado por uma mulher com filhos, sem companheiro. Pode ser o caso, por exemplo, de uma mulher que retorna à casa dos pais após a separação do marido, levando com ela o filho pequeno.

Rendimento próprio

Os lares em que o homem trabalha fora para ganhar dinheiro enquanto a mulher cuida dos afazeres domésticos são cada vez menos comuns no Brasil. Segundo dados do Censo 2010, 62,7% dos casais que vivem juntos no país são formados por homens e mulheres com fonte de renda própria.

Segundo o IBGE, esse percentual era de apenas 41,9% em 2000. A mudança reflete a maior inserção feminina no mercado de trabalho. O Censo mostrou ainda que o papel da mulher também ganhou importância nas famílias. Foi verificado um aumento no número de lares que apontaram a mulher como responsável: de 22,2% em 2000 para 37,3% em 2010. Aí estão incluídas tanto famílias formadas por mães solteiras quanto por casais.

Além disso, moradores de 34,5% dos domicílios disseram que a responsabilidade pela família era compartilhada. Foi a primeira vez que o IBGE pesquisou esse dado.