Muitos cotados para lugar de Dirceu

São Paulo – O assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, informou, ontem, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar segunda-feira o nome do novo chefe da Casa Civil da Presidência da República, em substituição ao ministro José Dirceu.

Marco Aurélio disse que o presidente Lula pensa em um ministro de forte capacidade executiva e que as tarefas políticas seriam mais empenhadas na Câmara e no Senado. "O próprio José Dirceu vai desempenhar um papel importante na coordenação política no Congresso, com o senador Aloizio Mercadante e o deputado Arlindo Chinaglia". Mercadante e Chinaglia, ambos do PT de São Paulo, são, respectivamente, líderes do governo no Senado e na Câmara.

Perguntado sobre a possibilidade de a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, ser indicada para a chefia da Casa Civil, o assessor especial disse que é um bom nome, que se encaixa nos critérios definidos pelo presidente, como outros nomes no próprio PT e fora dele. Marco Aurélio ressaltou, porém, que a decisão é de total competência do presidente Lula. Se confirmada, a escolha de Dilma dará à Casa Civil um formato mais gerencial e menos político.

Reconhecida como boa gerente no governo, a petista ganhou pontos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dois anos e meio de governo pelo perfil trabalhador e discreto. A dúvida de Lula agora é manter ou não a pasta da Coordenação Política. Seu desejo é acabar com essa pasta e transferir toda a articulação política para o Congresso, onde Dirceu a comandaria na prática.

À frente do Ministério de Minas e Energia, Dilma focou seu trabalho em dois objetivos principais: baratear as contas de luz e garantir a expansão do sistema elétrico, evitando assim repetir a crise energética de 2001. Antes de entrar no governo, Dilma Rousseff foi secretária de Energia do governo petista de Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul. Foi o primeiro nome técnico confirmado na equipe de transição do governo Lula.

Outros cotados para o cargo são os ministros da Fazenda, Antônio Palocci, e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Também estariam sendo analisados os nomes do governador do Acre, Jorge Viana, e do prefeito de Aracaju, Marcelo Déda. O secretário-executivo da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, deve ficar como interino até que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defina o substituto de José Dirceu.

O nome do novo ministro dependerá do perfil que o presidente imprimirá ao governo depois das mudanças. Lula ainda discute se a reforma terá um caráter político, com base nos partidos, ou se vai incorporar nomes da sociedade civil.

O governo também estuda a possibilidade de os ministros parlamentares Aldo Rebelo (Coordenação Política), Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) e Ricardo Berzoini (Trabalho) saírem no pacote maior de reformas que Lula pretende anunciar na semana que vem, para reforçar a defesa do Planalto no Legislativo.

Reforma política rápida e possível

Rio – Considerado junto com a ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, um dos cotados para ocupar o lugar de José Dirceu na Casa Civil, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, negou ontem que vá ocupar o cargo. Ele preferiu defender a conclusão rápida, antes do fim do ano, da reforma política "possível". No entanto, ele negou que vá assumir a Casa Civil da Presidência e disse que José Dirceu "fez a coisa certa" ao pedir demissão do governo. Para Bastos, o combate à corrupção é a prioridade da sua pasta.

"A democracia impacienta, muitas vezes os processos são tão lentos que, na cabeça das pessoas, começam a surgir tentações totalitárias", declarou. "Temos que trabalhar dentro dos limites da democracia, do Poder Executivo que nós temos, do Congresso que nós temos, do Poder Judiciário que nós temos, tendo a consciência de que estas instituições são necessariamente aperfeiçoáveis. Numa crise como esta, que inegavelmente vivemos, vai surgir a oportunidade de se fazer uma reforma política."

Ele disse acreditar que se tenha até antes do fim do ano uma reforma "possível, que não é a reforma dos nossos sonhos", com três pontos fundamentais: reforma do sistema eleitoral, fortalecimento dos partidos e a questão do financiamento das campanhas. "É preciso fazer esta para chegar àquela que é efetivamente a reforma fundamental, que é a reforma do Estado, a diminuição do tamanho do Estado brasileiro, com a manutenção da sua capacidade de intervir e transformar a realidade, de diminuir as desigualdades sociais."

Para o ministro, não há risco de crise institucional no País. "Não vejo ameaça à democracia, nossas instituições são fortes, estão sólidas, e a grande virtude da democracia é que ela consegue absorver crises como esta. Estou absolutamente tranqüilo, não há nenhuma possibilidade de a democracia deslizar para qualquer outro tipo de situação."

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