MP pede a quebra de sigilos de Waldomiro

Brasília

– O Ministério Público Federal pediu ontem a quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico do ex-assessor de Assuntos Parlamentares da Presidência da República Waldomiro Diniz e de Daniel Homem de Carvalho, os dois ex-presidentes da Loterj. Diniz é acusado de pedir propina ao bicheiro Carlos Cachoeira, para as campanhas do PT.

O pedido é assinado pelo procurador da República José Augusto Vagos e se baseia em inquérito da Polícia Federal, aberto em 2001, para investigar a relação entre bingos e agentes públicos. Os investigados são o Bingo Scala, a Loterj, Franciso Recarey Vilar, Antônio Vilar Maronas, Waldomiro Diniz e Daniel Homem de Carvalho.

Segundo o procurador, o Ministério Público Federal ajuizou uma ação civil pública junto à Justiça Federal, no final do ano passado, e obteve liminar para fechamento de todos os bingos do Rio, mas a liminar foi revogada uma semana depois por determinação do Supremo Tribunal Federal. Em 16 de setembro de 2003, a 5ª Vara Federal autorizou uma operação de busca e apreensão na sede da Loterj, mas os documentos apreendidos foram devolvidos dois dias depois por determinação de liminar obtida pela órgão junto ao Tribunal Regional Federal. O chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse anteontem que foi “traído” pelo ex-subchefe de Assuntos Parlamentares do ministério Waldomiro Diniz. A declaração foi feita aos participantes de um jantar na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), em homenagem a Dirceu, segundo deputados presentes ao encontro. Ele afirmou que, em 2003, quando saíram as primeiras acusações contra Diniz, conversou com ele, que o convenceu de que não havia irregularidades.

Conforme Dirceu, as iniciativas tomadas por Diniz, como pedir a apuração das acusações, indicavam também que não havia nada contra ele. “Me senti traído. Com toda a experiência que tenho, me senti traído”, disse o chefe da Casa Civil, segundo um parlamentar.

No entanto, para especialistas a presença de Dirceu complica o governo. O professor Antônio Lavareda, especialista em pesquisas de opinião pública, sugeriu ontem o afastamento do chefe da Casa Civil. “Como um funcionário público vai ter liberdade de espírito para apurar um caso que envolve o capitão do time?”, perguntou, numa referência a Dirceu, que foi chamado desta forma por Lula.

Lavareda disse que a formação de uma comissão de sindicância para apurar o caso Waldomiro Diniz é uma “resposta pequena” do governo do presidente diante do escândalo.

Governo quer evitar CPI dos bingos

Brasília

– Com 24 horas de atraso, o governo começou a atuar para evitar a instalação da CPI dos bingos, proposta pelo senador Magno Malta (PL-ES), que recolheu número suficiente de assinaturas para seu funcionamento. A idéia inicial é pedir que aliados do PT e do PMDB retirem assinaturas de apoio ao requerimento e, em último caso, questionar regimentalmente o pedido, com a alegação de que o texto não apresenta um fato determinado, e sim, o funcionamento dos bingos e caça-níqueis no País.

Os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (PMDB-AL) foram escalados para conversar com os senadores peemedebistas que apoiaram a proposta de Malta. Mas os peemedebistas alegam que para retirar suas assinaturas os petistas que subscreveram o texto deveriam fazer o mesmo, entre eles os senadores Eduardo Suplicy e Tião Viana.

Uma proposta semelhante de CPI para investigar financiamentos de campanha estaria sendo proposta na Assembléia Distrital de Brasília, mas os peemedebistas ligados ao governo federal já atuam para evitar sua instalação. “Alguns amigos têm me perguntado e tenho dito o que penso: que a Polícia Federal e o Ministério Público já estão investigando o assunto a contento”, disse ontem o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, que é do PMDB.

O senador Magno Malta (PL-ES) defendeu a realização da CPI do bingo, para a qual já obteve o apoio de 32 senadores, como uma forma de apurar o envolvimento do ex-subchefe de Assessoria Parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz, embora seja ele um integrante da base aliada do governo. “Como aliado, devo apurar o envolvimento de Waldomiro Diniz no jogo do bingo”, afirmou o senador. Malta, no entanto, não sabe quais serão os limites dessa investigação. “Como posso limitar as investigações ao passado? A CPI é integrada por outros senadores”.

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