Ministro José Dirceu desabafa e oposição reage com irritação

Brasília – O presidente nacional do PSDB, José Serra, contestou hontem a afirmação do chefe da Casa Civil, José Dirceu, de que alguns setores da oposição “namoram com o perigo e querem desestabilizar o País”. Após participar, na sala da liderança do partido no Senado, de uma reunião da executiva nacional da legenda, Serra declarou: “Nós queremos é que o governo governe. Mas, para governar, é muito importante que as coisas fiquem claras e transparentes. Nós queremos a governabilidade.”

No entender de José Serra, “quem desestabiliza o governo é o próprio governo, com suas brigas internas”. Serra disse que quem não quer resolver as questões “é quem não quer CPI (comissão parlamentar de inquérito), não quer investigar os bingos”. A maior dificuldade do Brasil hoje, segundo o presidente nacional do PSDB, “é o desemprego, que agora está de mãos dadas com a (questão da) ética.”

Serra afirmou que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não possui um projeto para combater a falta de emprego nem propostas aos setores de educação, saúde, desenvolvimento e reforma agrária. Segundo o presidente nacional da sigla, a administração federal, “em vez de governar, tem se dedicado a atacar a oposição e a imprensa, à procura de culpados”. O presidente da agremiação afirmou ainda que as taxas de juros continuam “insuportáveis”.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), também defendeu o desempenho do partido no caso Waldomiro. “Se o senhor José Dirceu tem algo contra quem quer que seja do PSDB, que apresente logo??, disse em discurso no plenário do Senado. Virgílio se referia à declaração de Dirceu de que colocaria ??os pingos nos is??.

“Isso não é ameaça, é ameaçazinha para cima do PSDB e não funciona sob nenhuma hipótese??, afirmou Virgílio, acrescentando que o ministro deveria se dirigir à nação “sem meias palavras??.

Dirceu admitiu na noite de terça-feira, que foi incompetente para lidar com a crise provocada pelo escândalo de seu ex-assessor, Waldomiro Diniz, mas afirmou que tem a consciência tranqüila. “Evidentemente que isso (o escândalo) desencadeou todo um processo político, todo um processo de tentativa de desestabilizar e enfrentar o governo??, afirmou no discurso realizado em encontro de prefeitos do PT em Brasília. Falou ainda de uma suposta tentativa da oposição de desarticular a base do governo no Congresso com vistas à sucessão presidencial de 2006.

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