Ministro defende ato que paralisou fiscalização sobre trabalho escravo

Brasília – O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse nesta quarta-feira (26) que os grupos de fiscalização sobre o trabalho escravo no país, que suspenderam as atividades desde a última semana, se sentiram agredidos com uma tentativa de "interferência política". Por isso, como forma de solicitar apoio da sociedade, pararam as atividades. ?Os auditores se sentiram agredidos com a desqualificação que tentaram fazer?, disse Lupi em referência a Comissão Temporária Externa do Senado. ?Pararam [de trabalhar] para ver o que a sociedade acha disso?.

Lupi participou de uma audiência pública na Subcomissão Temporária do Trabalho Escravo no Senado Federal. Durante a reunião, entregou aos senadores 18 volumes de um relatório com fotos da fiscalização que autuou a fazenda Pará Pastoril Agrícola (Pagrisa), no final de junho. ?É um farto material demonstrando as condições subumanas que eram submetidos os trabalhadores dessa empresa [Pagrisa]?, disse.

O ministro afirmou também que mediante ?as reações da sociedade que querem a volta dos grupos de fiscalização? vai conversar com os diretores da Secretaria de Inspeção do Trabalho, e espera que os auditores voltem a atividade na próxima semana. A Secretaria de Inspeção do Trabalho suspendeu as atividades, por tempo indeterminado, um dia após a comissão do Senado visitar a fazenda Pagrisa e questionar indícios de trabalho escravo no local, mesmo passados dois meses do flagrante.

Em nota oficial, o Ministério do Trabalho defende a fiscalização. "As ações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel, subordinadas à Secretaria de Inspeção do Trabalho, somam, desde 1995, cerca de 570 ações em todo Brasil, resultando na libertação de mais de 25 mil trabalhadores que se encontravam em situação análoga à de escravos. Essas ações tornaram-se modelo reconhecido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que aponta o governo brasileiro como referência mundial no combate a esse tipo de crime", registra.

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