Medicamentos contra aids cada vez mais caros

O ministro da Saúde, Saraiva Felipe, reabriu as negociações com o
laboratório Abbott sobre o Kaletra.

Rio de Janeiro (ABr) -Os altos preços dos medicamentos para o tratamento do HIV/aids, cobrados pelos laboratórios internacionais, podem comprometer a sustentabilidade do programa brasileiro de acesso universal ao tratamento da doença. De acordo com o coordenador do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, Pedro Chequer, os gastos anuais do ministério por paciente portador de HIV/aids subiram de US$ 1,6 mil, em 2001, para US$ 2,5 mil neste ano. Segundo ele, se a demanda permanecer, o programa pode ter problemas daqui a quatro ou cinco anos.

?A verdade é que o Brasil está sendo de algum modo extorquido, e isto nós não podemos tolerar. O compromisso do País é com os pacientes brasileiros e os pacientes dos países com os quais o Brasil assumiu compromisso de acesso universal?, disse Pedro Chequer.

?O País precisa continuar negociando com os laboratórios estrangeiros, detentores das patentes, para conseguir a redução dos preços. É uma balela dizer que, no Brasil, os preços foram reduzidos a um nível adequado. Temos estudos que mostram que o preço cobrado, apesar da redução, muitas vezes supera sete a nove vezes o preço justo?, afirmou.

O diretor considera positiva a decisão do novo ministro da Saúde, José Saraiva Felipe, tomada logo após a sua posse, de reabrir as negociações com o laboratório norte-americano Abbott, detentor da patente do Kaletra (Ritonavir/ Lopinavir): ?A proposta apresentada pelo Abbott não nos interessa. O laboratório deverá apresentar uma outra proposta que corresponda às reais necessidades e interesses do País?.

Segundo Chequer, o acordo fechado pelo ex-ministro Humberto Costa, apesar de acertar uma redução de preços para a compra do Kaletra e desistindo do pedido de quebra de patente (licença voluntária), ainda não é satisfatório. Ele informa que o acordo prevê que o País passaria a comprar o medicamento no ano que vem por US$ 0,99 centavos, enquanto o laboratório estatal de Farmanguinhos poderia passar a fabricar o Kaletra por US$ 0,40 centavos.

Uma outra exigência do laboratório Abbott seria a de que o País gastasse cerca de US$ 70 milhões de dólares por ano com a compra do medicamento. A transferência de tecnologia, que só ocorreria em 2012 – três anos antes do fim da patente do Kaletra -, também não seria proveitosa para o País, já que Farmanguinhos tem capacidade tecnológica para a produção do remédio.

Pedro Chequer participou ontem da 3.ª Conferência da Internacional Aids Society sobre Patogênese e Tratamento de HIV/aids, que acontece até amanhã no Riocentro, zona oeste da cidade.

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