Manobra evita que Benedita seja convocada

Brasília

– Os líderes do governo esvaziaram a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, conseguindo evitar a convocação da ministra da Assistência Social, Benedita da Silva, para explicar sua viagem religiosa à Argentina em 24 de setembro. No momento da votação, o vice-líder do PT, João Magno (MG), pediu verificação de quórum e a sessão foi suspensa. Eram necessários treze deputados presentes, mas no momento da votação apenas oito estavam presentes. Desses, cinco votaram pela convocação da ministra, um contra e dois se abstiveram.

O governo jogou todo o seu peso para evitar essa convocação. O vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS), compareceu e sentou-se ao lado do presidente da comissão, deputado Simão Sessin (PP-RJ). Antes da votação, vários parlamentares da base governista deixaram o plenário e o governo contou até com a ajuda do líder do PFL, José Carlos Aleluia (BA), que é um dos autores do requerimento de convocação da ministra. Aleluia chegou à reunião, sentou-se ao lado de Albuquerque e depois foi embora, ajudando a não dar quórum.

Já o deputado Wladimir Costa (PMDB-PA), autor de outro requerimento de convocação da ministra e que estava sendo discutido e votado, não aceitou transformar a convocação em convite e ficou irritado com a estratégia do governo. “Se esse é o exemplo que a ministra dá, o Brasil deveria soltar todas as pessoas que estão presas porque roubaram uma lata de salsicha ou bateram a carteira de alguém. É só eles fazerem como a ministra: depois que o assunto vem à tona, simplesmente devolvem o dinheiro e está tudo resolvido. Porque no Brasil é assim, o pobre rouba e o rico comete improbidade administrativa”, afirmou o deputado.

João Magno, que pediu a verificação de quórum, defendeu que a ministra seja ouvida na comissão, mas também evitou a sua convocação e não conseguiu explicar essa contradição. “É uma prática da Casa que ministro seja convidado, e não convocado. Durante o governo Fernando Henrique nós não conseguimos convocar um ministro sequer nessa comissão”, afirmou.

Voltar ao topo