Maluf silencia durante depoimento em São Paulo

São Paulo – O ex-prefeito Paulo Maluf não respondeu a nenhuma das perguntas feitas pela Promotoria de Justiça da Cidadania, embora tenha comparecido ao depoimento marcado pelos promotores e permanecido na sede do Ministério Público por cerca de duas horas. Para os promotores, ele usou o direito constitucional de permanecer calado diante das perguntas que lhe foram feitas sobre a movimentação de recursos no exterior.

Maluf está sendo investigado por improbidade administrativa, enriquecimento ilícito, remessa de dinheiro ao exterior e envolvimento com propinas de empreiteiras. Participam do depoimento dois promotores e um procurador da República, que querem confrontar extratos bancários recebidos da Suíça com movimentações de recursos no exterior. Para os promotores, esses recursos foram desviados de obras feitas na capital, como a construção da antiga Avenida Água Espraiada e do túnel Ayrton Senna.

Maluf chegou ao Ministério Público por volta das 10h30. O ex-prefeito, em campanha para voltar ao cargo, não perdeu a oportunidade de cumprimentar as pessoas que estavam no MP e prometer a elas mais segurança e empregos.

Devassa

No último dia 4, a Justiça determinou uma devassa bancária e fiscal sobre a família de Paulo Maluf e oito empresas e fundações ligadas ao ex-prefeito e seus parentes. A quebra de sigilo compreende o período entre 1.º de janeiro de 1993 e 4 de junho de 2004, a pedido do Ministério Público Estadual. A juíza da 4.ª Vara da Fazenda Pública, Renata Coelho Okida, que assinou a ordem, considerou que “existem indícios testemunhais e documentais da prática de ilícitos administrativos e penais que merecem apuração”.

Já o Ministério Público Federal, que investiga os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, decidiu intimar toda a família Maluf para depor até o fim deste mês. Os documentos sobre a quebra do sigilo bancário e fiscal devem chegar somente em agosto ao Ministério Público Estadual, que faz a investigação civil, de improbidade. Os dados serão repassados à Procuradoria Regional da República.

“Pelo que se depreende da documentação anexada aos autos, enviada pela Suíça, há notícias de expressiva quantia em dinheiro depositada no exterior em contas cujos beneficiários são o ex-prefeito e seus parentes”, diz a juíza na determinação.

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