Maia diz que epidemia no Rio enfraquece; secretários não confirmam

A epidemia de dengue no Rio dá sinais de arrefecimento. Nas tendas de hidratação, já há registro de queda na movimentação de pacientes. O prefeito Cesar Maia (DEM) também aponta para redução na média diária de registros confirmados de dengue no município, no seu ex-blog (boletim eletrônico) desta sexta-feira (18). Em março, foram 947,65 casos por dia. Em abril, até o dia 16, havia 295,35 notificações diárias com confirmação.

"Todos os casos até março foram digitados, assim como todos os casos de abril, até o dia 16, inclusive de forma a se ter garantias da tendência de redução", escreveu o prefeito, sem arriscar explicação para a queda.

O secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, preferiu não comentar os números divulgados pelo prefeito. "Tem-se observado um ligeiro declínio no número de notificações de casos suspeitos de dengue, além dos atendimentos e internações pela doença. Os dados estão sob análise", limitou-se a informar a assessoria de imprensa da Secretaria. O número de casos suspeitos no município subiu para 56.919 – mais 1.466 em relação à quinta-feira (17) -, com 54 mortes. No Estado, já morreram 89 pessoas.

Para o médico Roberto Medronho, epidemiologista e infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), esse momento inspira cuidado. "Essa redução na epidemia era esperada. Infelizmente, não ocorreu pelo combate ao vetor, mas porque há o esgotamento da população suscetível ao vírus e porque as condições climáticas já não são tão favoráveis para a reprodução do mosquito. Mas é preciso redobrar a atenção. Não se pode baixar a guarda nos serviços de saúde", alertou.

Ele lembrou que há histórico de surtos anteriores de que o vírus acaba se tornando mais agressivo no decorrer das epidemias. "Enquanto as pessoas vão sendo picadas, podem ocorrer recombinações genéticas e mutações do vírus. Se o vírus se tornar mais agressivo, as pessoas não estiverem atentas e o sistema de saúde se desmobilizar, poderemos ter ainda mais mortes do que já tivemos", ressaltou o especialista.

Por conta do baixo movimento, a Secretaria de Estado de Saúde desativou a tenda de hidratação em Jacarepaguá. Os equipamentos serão reinstalados em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, onde há registros de 1.925 casos desde o início do ano. A Aeronáutica informou ainda que vai restringir o horário de funcionamento na tenda da Barra da Tijuca a partir de terça-feira (22), porque a procura à noite é pequena.

Para o secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes, ainda é cedo para se falar em declínio da epidemia. Para ele, as filas de atendimento diminuíram porque o "sistema de saúde se organizou".

"Estamos no ápice da epidemia, com uma tendência de declínio. Mas não podemos comemorar. A única coisa que pode nos deixar mais tranqüilos é que os centros de hidratação conseguiram tratar muito melhor os pacientes. Até o momento, não tivemos óbito confirmado de paciente que tenha passado por um centro de hidratação", afirmou Côrtes.

O secretário se reuniu nesta sexta-feira (18) com representantes de 35 consulados, que manifestaram preocupação com a epidemia de dengue. Eles pediram que a Secretaria encaminhe relatórios semanais sobre a situação, para que os consulados possam informar turistas e empresários em viagem ao Rio.

Ação

A juíza federal Regina Coeli Medeiros de Carvalho, da 18ª Vara Federal, determinou que o secretário municipal de Saúde, Jacob Kligerman, pague multa pessoal de R$ 10 mil pelo descumprimento da ordem judicial que estabelece que todos os postos de saúde permaneçam abertos 24 horas por dia. A procuradoria do município informou que aguarda decisão do Superior Tribunal de Justiça, que analisa o conflito de competência – a Justiça estadual, por sua vez, decidiu que os postos devem permanecer fechados à noite por causa da falta de segurança.

Nesta sexta-feira (18), a juíza Valéria Pachá, da 10ª Vara da Fazenda Pública do Rio, decidiu que Estado e o município devem pagar o valor das tabelas dos hospitais particulares – e não o da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) – às instituições privadas que receberem os pacientes com diagnóstico ou suspeita de dengue. Uma decisão do mês passado dada no plantão judiciário do Tribunal de Justiça determinou que, ante a falta de leitos públicos disponíveis, os pacientes fossem encaminhadas aos hospitais da rede privada, às custas do Estado e do município, pelo valor fixado na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS).

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