Luta pela vida de bebê no útero da mãe em coma

Belo Horizonte – Médicos do Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte (MG), estão mobilizados na tentativa de salvar a vida de um bebê no útero da secretária Cristina Alves Dias, de 33 anos, em coma profundo há cerca de três semanas. Cristina tem um tumor irreversível e progressivo no cérebro, que a qualquer momento pode levá-la à morte cerebral. A gestação precisa durar pelo menos mais dois meses, conforme a equipe médica, para que a criança, do sexo masculino, tenha chance de sobreviver.

De acordo com o coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, José Carlos Fernandes Versiani, a literatura médica registra somente dez casos no mundo de sobrevida do bebê quando constatada a morte cerebral da mãe. O que surpreendeu os médicos foi a descoberta de que Cristina está grávida, mesmo a paciente sendo submetida a tratamentos de quimioterapia e radioterapia, além de doses altas de corticóide, que desregula a produção hormonal.

A secretária descobriu o tumor cerebral em 1999, quando buscou tratamento para hipotireoidismo (um tipo de distúrbio do funcionamento da tireóide). Cristina foi informada de sua expectativa de vida era de mais seis anos. Naquele mesmo ano, submeteu-se a uma cirurgia.

Em maio de 2003, já recuperada, casou-se com Marcelo Fernandes Siqueira. Segundo ele, apesar de os médicos não recomendarem e alertarem para o perigo, Cristina tinha o sonho de ser mãe.

No final do ano passado, ela precisou ser submetida a mais duas cirurgias, além de novas sessões de rádio e quimioterapia. O seu estado de saúde é considerado irreversível. Com 18 semanas de gestação, os médicos tentam garantir o funcionamento dos órgãos vitais pelo menos até a 26.ª semana de gravidez. Mesmo assim, o bebê terá ainda cerca de 40% a 50% de riscos de apresentar complicações graves. Cristina respira com ajuda de aparelhos e a alimentação está sendo fornecida através de sonda.

A notícia da gravidez, no dia 15 de maio, emocionou a secretária, que chamou uma prima e, na presença do marido, pediu que ela jurasse que criaria seu filho, caso ele sobreviva. O hospital informou que só tornou o caso público após autorização por escrito da família, para não desrespeitar o Código de Ética Médica.

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