Lula vê avanços na América Latina

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu ontem a Conferência Internacional Democracia, Participação Cidadã e Federalismo. Ele afirmou que nos últimos dois anos o continente saiu da retórica e partiu para uma integração de fato. Segundo Lula, sua eleição e a dos atuais governantes dos demais países, especialmente Néstor Kirchner na Argentina, representou um avanço para a democracia, com o estabelecimento de relações de confiança. Mas reconheceu que, apesar disso, ainda está longe a construção de um processo perfeito, com a sólida combinação entre democracia política, social e econômica.

Segundo Lula, os países latino-americanos ainda têm de superar a dívida social, que disse ser a razão pela qual foi eleito. Para o presidente, o longo aprendizado deixou lições no continente: "Há um dado concreto. Os atuais presidentes não estão dispostos a repetir os erros dos governos do passado".

Lula afirmou que o desenvolvimento econômico é uma obra de arquitetura política, mas ressaltou que essa não foi a lógica que prevaleceu no continente latino-americano ao final do ciclo autoritário. Segundo ele, encerrada a luta pela redemocratização, os estados nacionais foram submetidos a um "enquadramento econômico e político dotado de pressão máxima". E criticou os governos passados, sem citar nomes:

"Uma receita ortodoxa foi transplantada para nossos países, como se fosse possível realizar aqui a mesma trajetória conduzida pelas facilidades existentes nos países ricos. Começa pela inexistência e disponibilidade de moeda forte e, a partir dela, da permissão para negligenciar déficits na balança comercial e desequilíbrios nas contas correntes", disse ele.

E completou: "O implante desse corpo estranho exigiu o abandono incondicional de todo e qualquer planejamento público, bem como idéias, estruturas e valores que pudessem mediar as forças do mercado com a ação republicana e democrática da sociedade. É preciso reavivar a memória desse fato para que se possa avaliar exatamente o que entendem por eficiência aqueles que se arvoram sabedores do que fazer, mas que na verdade são responsáveis por esses equívocos do passado".

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