Lula vai ao BB e ataca governos anteriores

 Roosewelt Pinheiro/Abr
Lula foi recebido pelos funcionários do Banco do Brasil com o jingle: ?olê-olê-olê-olá?.

Brasília (AE) – Momentos depois de beijar, cumprimentar e ser saudado com o jingle ?olê-olê-olê-olá? pelos funcionários do Banco do Brasil (BB), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ontem de forma enfática o uso político das instituições bancárias federais. 

Em visita à sede do BB, ele atacou a ?sanha de privatização? e a caça de ?marajás? nos governos anteriores e negou ter empregado petistas e indicados políticos na Caixa Econômica, no BNDES, no Banco do Nordeste e no Banco da Amazônia. ?Só chamo eles (presidentes de bancos) para perguntar se as coisas podem melhorar?, disse. ?Em todos esses anos que convivemos, nunca pedi a nenhum deles que colocasse um faxineiro ascensorista ou assessor, só discutimos redução de juros e facilitação do crédito.?

Durante um rápido corpo a corpo no 20.º andar da sede do BB, Lula disse que não era para os funcionários fazerem greve e pediu com gestos a um deles para parar de cantar o jingle da campanha. O presidente queria evitar uma possível reação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), órgão que segundo o próprio Planalto está ?rigoroso? no cumprimento às normas de campanha. Numa visita de Lula no último dia 4 à Caixa, o clima eleitoral foi ainda mais nítido, com os jingles sendo cantados sem interrupções.

Em discurso na sede do BB, o presidente, no entanto, não economizou ataques ao governo anterior. Lula ressaltou que no atual governo o Banco do Brasil teve ganhos ?extraordinários?. ?Não foram poucas as vezes em que as manchetes dos principais jornais, na época da sanha das privatizações, publicaram manchetes garrafais sobre prejuízos do Banco do Brasil?, destacou Lula, numa referência direta à gestão Fernando Henrique Cardoso. ?Há uma mudança. As pessoas vão tomando consciência de que o Banco do Brasil fará mais política social se tiver lucro.?

O presidente disse que, no governo atual, a imagem da instituição e dos funcionários melhorou. ?Eu vim aqui para dizer o seguinte: ninguém nunca mais chamou vocês de marajás?, afirmou. ?Vocês nunca viram ninguém do governo descarregar em funcionário do Banco do Brasil discurso de que ele ganha bem.? Lula salientou que bons funcionários precisam ser bem pagos, especialmente no momento em que o mercado exige dinamismo e competitividade.

Ele fez questão de destacar ações do Banco do Brasil que beneficiam especialmente camadas mais pobres como o microcrédito, o crédito consignado e os créditos do Pronaf. Segundo o presidente, esses três programas disponibilizam atualmente R$ 25 bilhões.

O presidente disse ainda que a população percebe as ações do seu governo. ?O povo está sentindo na pele que as coisas estão melhorando. Ele (o povo) está tendo acesso e conseguindo chegar e ser atendido em bancos públicos?, disse.

Ao defender os programas do Brasil (microcrédito, crédito consignado e crédito do Pronaf), Lula salientou que a instituição e outros bancos públicos também foram beneficiados com os programas. ?Está provado que o Banco do Brasil não precisa emprestar muito dinheiro para poucos para ganhar dinheiro. O banco pode emprestar pouco dinheiro para muitos e ter um ganho extraordinário?, afirmou.

Lula disse que não havia hábito de presidentes da República visitarem as instituições. Ele ignorou uma visita também em ritmo de campanha de Fernando Henrique ao banco em 1998. ?Muitas vezes as pessoas pensam que isso (visita) não tem importância?, disse Lula.

Antes, a direção do BB exibiu um vídeo com ações sociais da Fundação Banco do Brasil. Num dos vídeos, o agricultor Manoel de Antão, de Quixadá (CE), disse que foi no governo Lula que ele conseguiu empréstimo do Banco do Brasil. Diretor do banco, Luiz Osvaldo Santiago Moreira foi outro a dar o tom eleitoral da visita de Lula. ?A gente espera construir um novo Brasil?, disse o diretor, depois de apresentar várias ações sociais da instituição.

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