Lula troca afagos com Aécio Neves

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Aécio, Anderson Adauto e Stephanes abrem a 73.ª ExpoZebu.

Uberaba – Apesar de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ter criticado, há apenas alguns dias, a aproximação de tucanos com o governo federal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB-MG), transformaram a abertura da feira de gado Expozebu 2007 em um palanque para a troca de apoio.

Aécio, cotado para representar o PSDB na eleição de 2010 ao lado do governador paulista José Serra, foi o primeiro a aproveitar o evento em Uberaba (MG) para elogiar o presidente. Em seguida, Lula retribuiu alegando que disputas partidárias devem se restringir ao período eleitoral.

Em seu discurso, Aécio chamou o presidente de ?amigo? diversas vezes e atribuiu a Lula parte da responsabilidade pelos avanços obtidos em Minas. ?Pertencer ao partido da oposição central como é o meu caso não impede que nós construamos juntos projetos que ajudem a melhorar a qualidade de vida da nossa gente?, disse o tucano. Em sua fala, realizada em seguida, Lula devolveu: ?O Aécio disse bem. Essa questão de partidos políticos termina quando termina o processo eleitoral. O Aécio não foi eleito governador de Minas Gerais para ser apenas o representante do PSDB. E eu não fui eleito presidente da República apenas para ser representante do PT?.

Sem citar especificamente as eleições presidenciais, Lula fez várias referências a 2010 em seu discurso. Ele afirmou, por exemplo, que sonha em entregar o País mais preparado do que recebeu em 2002 ao seu sucessor. Porém, após o evento, ambos negaram que a aproximação abra o caminho para uma possível aliança daqui a quatro anos. ?Estou muito à vontade porque, em 2010, não sou candidato a nada?, disse o presidente, destacando que é amigo de Aécio desde que ambos eram deputados. ?Não há espaço para que um presidente da República e os governadores se tratem enquanto situação e oposição. Nós temos responsabilidades administrativas.?

Aécio foi incisivo ao defender a aproximação dele e de outros tucanos com Lula. ?O Brasil tem que superar algumas questões absolutamente retrógradas, que eu chamaria até de tupiniquins. Essa crítica de que a oposição não deve conversar com o governo central não tem sentido num país como o nosso?, disse o governador. ?Só os fracos devem temer esse tipo de conversa.?

A troca de afagos entre Lula e Aécio ocorre apenas algumas semanas após o ex-presidente Fernando Henrique ter criticado a movimentação de tucanos em direção ao Planalto, alegando que o PSDB ?se acovardou? diante do governo Lula. Pouco antes, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), aceitou um convite para conversar com Lula no Palácio do Planalto, onde afirmou que ?fazer oposição não é xingar?.

Como parte do esforço para se aproximar das administrações estaduais, Lula prometeu uma reunião antes do fim de maio com todos os governadores, para discutir o endividamento dos estados e a possibilidade de flexibilização dos débitos. Ao enumerar áreas em que seria possível obter avanços com a união de forças, o presidente aproveitou a platéia de pecuaristas para citar o combate à febre aftosa e o andamento da reforma agrária. Ele abordou ainda a aposta federal nos biocombustíveis e disse que o mundo irá ?se curvar? a essa tecnologia. 

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