Lula: “Todo mundo enganava todo mundo”

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o governo não vai “brincar de contratar” empresas para grandes investimentos de infra-estrutura. Lula afirmou a empresários do ramo que antes o “governo fingia que pagava, enquanto vocês fingiam que faziam”.

O presidente afirmou ainda que “todo mundo enganava todo mundo”. “E as coisas não aconteciam. Por isso as regras têm que ser claras. Ao assinar um contrato, todo mundo tem que saber o que vai acontecer no primeiro dia, no meio do contrato e no fim”, disse. “O País durante alguns anos foi visto pela opinião pública como um país que privilegiava um cemitério de obras que começavam e nunca acabavam”, afirmou.

Segundo o presidente, o governo vai levar a sério não só os contratos, “mas a execução deles”. “Não podemos mais fazer obras somente em época de eleição”, ressaltou. Participando de encontro da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústria de Base (Abdib), Lula preferiu adotar um discurso menos político, num dia em que um ato de desagravo do presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), ao ministro da Casa Civil, José Dirceu, tomou conta do evento pelo constrangimento da situação.

Lula disse também que o governo passou a trabalhar com o termo da “transversalidade”, em que, segundo ele, há um envolvimento de todos os setores e ministros para que os problemas de um projeto já licenciado sejam resolvidos. Além disso, Lula afirmou que o “Brasil voltou a não ter vergonha de dizer que tem política industrial”. Lula voltou a destacar como avanços importantes em um ano e meio de governo a abertura de novas frentes de exportação. “Encontramos novas alternativas comerciais na África, no Oriente Médio, na China, além de termos aumentado a integração com nossos parceiros tradicionais na América Latina, América do Sul, Europa e Estados Unidos”, afirmou.

O presidente disse que o papel desempenhado pela diplomacia brasileira, por ministérios como o do Desenvolvimento, e a contribuição dos empresários têm que ser vistos como um sucesso para a geração de divisas e a redução da vulnerabilidade externa do País. Lula disse aos empresários que o governo está preocupado em investir mais em infra-estrutura e na indústria de base, e informou que o governo vai encaminhar ao Congresso o projeto de lei que regulamenta o setor de saneamento básico.

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